Arte Institute promove em Portugal encontro entre artistas, programadores e empresários
O programa vai trazer programadores estrangeiros a 11 cidades portuguesas.
A empreendedora cultural Ana Miranda, que há oito anos fundou em Nova Iorque o Arte Institute, tem em marcha uma iniciativa em Portugal que começará em Setembro, em 11 cidades, juntando artistas, empresários e programadores. A iniciativa chama-se “RHI - Revolution_Hope_Imagination”, foi apresentada em Lisboa na quinta-feira, e é descrita à agência Lusa pela promotora portuguesa como um “movimento de aproximação” entre pessoas que pensam, fazem e investem em arte, tendo Portugal como ponto de partida.
O RHI decorrerá de 14 a 21 de Setembro, em 11 cidades portuguesas, de Lisboa a Guimarães, de Loulé a Leiria, com apresentações de estudos de caso sobre investimentos em cultura, com conversas, debates, concertos e oficinas temáticas sobre música, arquitectura, design ou teatro.
Este programa, explicou Ana Miranda, deve ser entendido como facilitador de um encontro entre pessoas, portuguesas e estrangeiras, entre artistas e empresas que queiram apostar nelas, tal como nos Estados Unidos quiseram apostar no Arte Institute, quando foi criado em 2011. “Há uma hipótese de olhar para novas formas e tentar aproximar as empresas das artes em geral. Começar a olhar outras formas, como podemos pôr a interagir a classe artística e a empresarial”, disse Ana Miranda, sublinhando que Portugal deve aproveitar o momento de maior exposição internacional que tem vivido à boleia do turismo.
Segundo o programa, em Setembro estarão no RIH cerca de 120 convidados, como programadores do Lincoln Center e do Massachusetts Design Art & Technology Institute (EUA), da rede de teatro e cinema SESC (Brasil), jornalistas, arquitectos, músicos, escritores. Foram ainda convidados, mas ainda por confirmar, representantes do American Ballet Theater e do New York City Ballet, da Fundação Obama e da Iniciativa Global Clinton “Save African Elephants”.
Vão ser apresentados casos de estudo sobre estratégias de trabalho e de investimento de empresas, entidades sem fins lucrativos, de mecenato, de representação sindical de artistas, de novas plataformas digitais. Segundo a organização, as estatísticas do evento são as seguintes: “23 países envolvidos, 50 workshops, 75 talks e dezenas de espectáculos abertos ao público e distribuídos pelo país”.
Para Ana Miranda, o objectivo do RHI é o mesmo que esteve na génese do Arte Institute, “promover a cultura portuguesa”, mas agora a partir de Portugal para o mundo. “Estamos a dizer a programadores e agentes culturais para virem a Portugal. Com tantos turistas a entrar, acho que há muitas hipóteses para as artes de se expandirem e arranjarem outros mercados”, disse.
Da cultura portuguesa, estão já confirmadas as presenças de nomes como os escritores Afonso Cruz, José Luís Peixoto e Gonçalo M. Tavares, a escritora Ana Filomena Amaral, o programador e coreógrafo Rui Horta, e estruturas como o Hot Clube de Portugal, os festivais Tremor e Terras Sem Sombra, os projectos Dançando com a Diferença, Portugal Manual e A Avó Veio Trabalhar, os músicos Frankie Chavez e Peixe (no projecto Miramar), Rita Redshoes e Bruno Santos.
Ana Miranda reconhece que só conseguiu idealizar esta iniciativa por estar a viver fora de Portugal, por ter conhecido uma outra forma de investir e apoiar cultura, sem depender exclusivamente de financiamento estatal, contando com apoio empresarial e de mecenato. A partir de Nova Iorque, desde 2011, Ana Miranda organiza mais de uma centena de eventos culturais com artistas portugueses nos Estados Unidos e noutros países. “Jamais teria conseguido pensar isto se vivesse em Portugal. Os artistas que promovemos são portugueses. Onde os venho buscar é aqui [em Portugal]. Eu posso viver nos Estados Unidos, mas eu falo português o dia inteiro, porque é para aqui que eu falo, porque eles é que são o que nós internacionalizamos”, explicou.
O “RHI - Revolution_Hope_Imagination” decorrerá de 14 a 21 de Setembro em Lisboa, Torres Vedras, Caldas das Rainha, Óbidos, Guimarães, Leiria, Alcobaça, Évora, Vidigueira, Loulé e Funchal.