Trump, Bolsonaro e UE defendem o mesmo para a Venezuela, diz representante dos EUA

Elliott Abrams, representante dos EUA para a Venezuela defendeu, em Lisboa, que as diferentes estratégias para a crise venezuelana são “tons diferentes para a mesma avaliação”: a necessidade de “restaurar a democracia” no país.

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Bolsonaro e Trump encontraram-se recentemente em Washington para debater resposta à crise na Venezuela EPA/MICHAEL REYNOLDS

De passagem por Portugal, para se encontrar com ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, o representante especial para a Venezuela do Departamento de Estado norte-americano garantiu que o que move os países e organizações opositores a Nicolás Maduro não é uma posição ideológica, mas a vontade de ajudar na “restauração pacífica da democracia” na Venezuela. E, por isso, defendeu, une-os “uma mensagem comum”. 

Num encontro com jornalistas, esta terça-feira, em Lisboa, Elliott Abrams foi questionado pelo PÚBLICO sobre o elemento ideológico da posição assumida recentemente pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, e pelo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, sobre a resposta à crise venezuelana – ambos celebraram a “hora do crepúsculo do socialismo” no continente americano – e defendeu que a mesma não difere, na sua essência, da posição da chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini.

“Os 54 países que reconheceram Juan Guaidó como Presidente legítimo da Venezuela têm um só objectivo: a transição para a democracia. Se ouvirmos Bolsonaro ou Mogherini e compararmos a sua mensagem com a de Trump constatamos que se trata de um tom diferente para a mesma avaliação. Cada um expressa a sua visão da situação, mas há uma mensagem comum, que é a que nos une”, afirmou Abrams, recusando as acusações de apoio a um golpe de Estado. 

“Houve um golpe na Venezuela em Maio [2018], sim, mas quando Maduro impediu a realização de eleições livres”, atirou o diplomata, para justificar o reconhecimento “constitucional” dos EUA a Guaidó.

Refira-se que a UE não reconhece o presidente da Assembleia Nacional como chefe de Estado interino da Venezuela – como o fizeram vários Estados-membros, incluindo Portugal –, mas o agendamento e realização de eleições livres e justas.

Destacando a “influência portuguesa dentro da UE” no que toca à questão venezuelana, “por causa do número significativo de cidadãos portugueses no país”, Abrams realçou ainda que Portugal e EUA estão “em completa sintonia” em relação à Venezuela.

Confrontado, porém, com a rejeição portuguesa, repetidamente defendida por Santos Silva, de um cenário de “intervenção militar externa”, o diplomata acabou por assumir que “nenhum Presidente” norte-americano pode “excluir quaisquer opções, agora ou no futuro”.

“Trump diz que todas as opções estão em cima da mesa porque, de facto, todas as opções estão em cima da mesa”, corroborou. “Mas ninguém nos EUA está a promover a solução militar. Basta ver o que estamos a fazer: pressão financeira, económica, diplomática e política”, esclareceu Abrams, reiterando “não haver divergências assim tão grandes” entre a posição dos EUA e de países como Portugal.

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