Faltas de portugueses ao trabalho por doença geram prejuízo de 2,2 milhões de euros
De acordo com o estudo desenvolvido pela Nova Information Management School (NOVA-IMS), o impacto positivo para a economia deve-se não só à melhoria dos cuidados de saúde da população, mas também à redução do absentismo.
O investimento no Serviço Nacional de Saúde em 2018 permitiu um retorno de 5,1 mil milhões para a economia tendo em conta o impacto dos cuidados de saúde no absentismo e na produtividade, conclui um estudo apresentado esta terça-feira.
Segundo os dados do Índice de Saúde Sustentável, desenvolvido pela Nova Information Management School (NOVA-IMS), cerca de metade do valor investido no Serviço Nacional de Saúde (SNS) em 2018 retornou para a economia, tendo em conta tanto os dias de ausência laboral que o SNS permitiu evitar como a produtividade destes trabalhadores.
“O valor não pode deixar de nos impressionar, pois significa que cerca de metade do investimento anual do SNS é retornado para a economia no próprio ano só por via da participação dos cidadãos no mercado trabalho”, sublinhou Pedro Simões Coelho, coordenador do estudo.
Segundo o trabalho da NOVA-IMS, em média, os portugueses faltaram quase seis dias (5,9) ao trabalho em 2018, o que resultou num prejuízo de 2,2 mil milhões de euros. No entanto, a prestação de cuidados de saúde através do SNS permitiu evitar a ausência laboral de outros dois dias (2,4), o que representa uma poupança de 894 milhões de euros.
A redução da produtividade também foi medida neste estudo, que refere que por motivos de saúde terá existido uma perda equivalente a 12,3 dias de trabalho, o que se traduz num prejuízo de 4,6 mil milhões de euros. Contudo, o SNS permitiu evitar outros 6,8 dias de trabalho perdidos, resultando numa poupança de 2,5 mil milhões.
No total, tendo em conta o impacto no absentismo laboral e na produtividade, “estamos a falar de impacto económico de cerca de 3,4 mil milhões [medido por via dos salários], (...) mas o valor económico global dos dias que o SNS ajudou a não perder poderá ultrapassar os 5,1 mil milhões”, disse à agência Lusa o coordenador do estudo.
O valor do índice de sustentabilidade baixou em 2018 de 103.0 para 100.7 pontos, mas apesar desta descida o estudo destaca o aumento da satisfação e confiança dos utentes e uma subida da actividade do SNS em 2,5%.
“Esta descida no índice, não se trata de uma situação clara (...), trata-se de uma situação mista, onde há algumas componentes do índice que sobem e outras que descem e acabam, no conjunto e no equilíbrio de todas, por prevalecer aquelas que fazem o índice descer”, afirmou Pedro Simões Coelho.
Contudo, o responsável sublinhou como aspectos positivos o crescimento de 2,5% da actividade do SNS (hospitais e cuidados de saúde primários), “a mais alta dos últimos quatro anos”, a qualidade do SNS que os utilizadores percepcionam, que é positiva (67 pontos, de 0 a 100) e a redução da dívida.
“2018 foi um ano em que, pela primeira vez, há uma redução da dívida a fornecedores”, frisou.
Índice de qualidade técnica desce e despesa aumenta
Quanto aos aspectos “que puxam para baixo o índice de saúde sustentável”, o coordenador do estudo destaca o índice de qualidade técnica, baseado em indicadores universais, que desceu, e o aumento da despesa (2,9%).
“Trata-se de uma situação fora do vulgar, com o desenho de um sistema que está a melhorar na actividade, na dívida e na qualidade percepcionada e que está a piorar noutras componentes. Acabaram por prevalecer as negativas”, concluiu.
O estudo avaliou igualmente o índice global do estado de saúde dos portugueses, que se encontra nos 74,4 pontos – numa escala de 0 a 100 (estado de saúde ideal). Se a este índice fosse retirado o contributo do SNS, o valor ficaria pelos 54,6 pontos.
Quanto ao acesso ao SNS e às taxas moderadoras, o estudo indica que os portugueses têm uma ideia de valores acima dos realmente praticados, seja nas consultas com o médico de família ou nas consultas externas e de especialidade nos hospitais, julgando inclusive que há lugar a taxa moderadora em caso de internamento, quando tal já não acontece.
Em relação ao custo dos medicamentos, subiu a percentagem (89,8, mais 0,7) de pessoas que disseram ter tomado no último ano medicamentos prescritos por um médico, assim como a percentagem dos que os tomam no âmbito de uma terapêutica prolongada (passou de 59,5 para 68,1).
Por outro lado, baixou de 10,8 para 8,9 a percentagem dos que, por questões financeiras, não compraram algum dos medicamentos prescritos pelo médico.