Um tribunal federal brasileiro aceitou na quinta-feira uma nova denúncia de corrupção contra o ex-Presidente Michel Temer, que já passou quatro dias na prisão, na semana passada, por ordem judicial.

Neste caso, a decisão do juiz Rodrigo Bentemuller refere-se a uma suspeita de suborno. 

O Ministério Público, que pediu na terça-feira a abertura de um processo criminal por corrupção passiva contra Temer, esclareceu que se trata de um caso aberto após a divulgação de um vídeo em que se vê Rodrigo Rocha Loures, que era deputado e trabalhava como assessor da presidência, a receber uma mala com 500 mil reais (114 mil euros). Suspeita-se que se tratasse de uma parte de um pagamento feito pela empresa do sector das carnes J&F para obter favorecimento por parte do Governo.​

De acordo com o Ministério Público, a acusação penal contra Temer é de corrupção passiva, por “receber vantagens indevidas oferecidas por Joesley Batista (da empresa J&F) e entregues pelo executivo da J&F Ricardo Saud”.

A denúncia indica que a empresa de carnes pagou cerca de 38 milhões de reais (8,7 milhões de euros), em nove meses, por favores da presidência.

O vídeo em que o assistente aparece a receber o dinheiro foi gravado em frente a um restaurante em São Paulo, em 28 de Abril de 2017, um mês e meio depois de Joesley Batista se ter reunido com Michel Temer para discutir medidas do Executivo para beneficiar a empresa de carnes.

Rodrigo Rocha Loures é réu no mesmo processo.

Michel Temer, de 78 anos, saiu da presidência do Brasil a 1 de Janeiro, dia em que tomou posse Jair Bolsonaro, e foi detido na semana passada. Passou quatro dias na prisão, acusado de dez crimes de corrupção.

É o segundo antigo Presidente brasileiro a ser detido no espaço de um ano - o primeiro foi Lula da Silva, 73 anos, que cumpre pena de prisão.