Se houver má gestão nos hospitais, “os gestores devem ser afastados”
Quem o diz é o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares. O responsável falava depois de a ministra da Saúde, Marta Temido, ter afirmado nesta quarta-feira na Comissão Parlamentar de Saúde, onde está a ser ouvida, que não basta ter mais profissionais no SNS, é preciso perceber se são geridos da melhor forma.
Os administradores hospitalares consideram que não faz sentido o “jogo do empurra” entre a tutela e os hospitais e sublinham que, existindo má gestão, os gestores devem ser afastados. “Existindo má gestão [nos hospitais], os gestores devem ser afastados e isso é responsabilidade do Ministério da Saúde”, afirmou Alexandre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, que respondia à ministra da Saúde, que nesta quarta-feira, no Parlamento, disse que há unidades que têm mais meios humanos, mas apresentam menor produtividade.
Em declarações à agência Lusa, Alexandre Lourenço disse que “é reconhecido que existe menos pessoal disponível nas áreas de enfermagem, assistentes operacionais e assistentes técnicos”, sublinhando que a redução das 40 para as 35 horas de trabalho semanal “não foi ultrapassada pela contratação de novos profissionais”.
“Os hospitais têm menos recursos disponíveis hoje do que tinham no ano passado. Outro ponto é que existem unidades do SNS [Serviço Nacional de Saúde] que têm dificuldade em atrair profissionais, nomeadamente em algumas especialidades médicas, nas áreas cirúrgicas e de anestesiologia, que limitam a capacidade de os hospitais darem resposta à população”, afirmou Alexandre Lourenço.
O responsável falava depois de a ministra da Saúde, Marta Temido, ter afirmado na Comissão Parlamentar de Saúde, onde está a ser ouvida, que não basta ter mais profissionais no SNS, avisando que é preciso perceber se são geridos da melhor forma e responsabilizando os hospitais por essa gestão.
“Mais meios existem. A questão é se os estamos a gerir da forma mais eficiente”, declarou, num momento em que a comissão parlamentar debatia os tempos máximos de resposta garantidos e a necessidade de recursos humanos nos serviços públicos de saúde.
Marta Temido vincou que há algumas unidades de saúde para as quais tem de se “olhar com muito cuidado”, por terem “mais meios humanos e menor produtividade”, considerando que isso é preocupante.
Em resposta, contactado pela Lusa, Alexandre Lourenço afirmou: “Não faz qualquer sentido este jogo do empurra entre hospitais e o Ministério da Saúde porque a responsabilidade do Ministério da Saúde é a gestão do SNS e, naturalmente, destas unidades.”
“O que os administradores hospitalares esperam do Ministério da Saúde é que apoie o funcionamento das unidades e que exista uma avaliação transparente da gestão das unidades de saúde”, afirmou, referindo-se à “necessidade de implementação de contratos de gestão e que as administrações dos hospitais sejam avaliadas e afastadas, se for caso disso”.
“Existindo má gestão os gestores devem ser afastados, como é responsabilidade do Ministério da Saúde”, acrescentou.
Alexandre Lourenço apontou ainda a limitação de anestesiologistas: “Isso as unidades hospitalares não têm capacidade para ultrapassar (...). É uma responsabilidade do planeamento do sistema de saúde e de criação de condições para atracção desses profissionais para trabalharem no sector publico.”