Ana Gomes: “Há um passado de delinquência ligado a Vieira”
Eurodeputada defende Rui Pinto, afirmando que este fez “um trabalho extraordinariamente importante para a defesa do interesse público”.
Depois dos tweets a criticar a actuação das autoridades portuguesas no processo que levou à detenção de Rui Pinto, Ana Gomes sublinhou, em entrevista ao jornal desportivo Record, a sua oposição à extradição e detenção do pirata informático.
“É a toque de caixa da Doyen, um esquisitíssimo fundo sediado em Malta, que é um paraíso fiscal e que se sabe que tem por detrás uma organização mafiosa cazaque dos irmãos Arif envolvida em todo o tipo de negócios escuros, que a Justiça Portuguesa actua?”, questiona a socialista.
A eurodeputada diz ter esperança que as autoridades portuguesas “cooptem o Rui Pinto para seu aliado”, de modo a poderem analisar todo o material de que dispõe, apreendido pelas autoridades húngaras na residência do hacker em Budapeste. Questionada sobre as suspeitas de tentativa de extorsão à Doyen — um dos seis crimes que a justiça portuguesa imputa a Rui Pinto —, Ana Gomes diz que o tribunal não pode analisar estas alegações “sem ter em conta o extraordinário interesse público que ele teve entretanto como denunciante”.
Quando a conversa passou para a correspondência electrónica do Benfica — revelada, numa primeira instância, num programa do Porto Canal e, depois, publicada no blogue Mercado de Benfica —, Ana Gomes relembra os processos que envolvem o clube da Luz: “O Benfica é um dos grandes do futebol, o maior do nosso país em número de adeptos e um dos mais envoltos em acusações e em alegações de envolvimento em esquemas de corrupção. Não só o clube, mas também os principais responsáveis. Temos o caso do E-Toupeira, que se concluiu com uma decisão judicial que levantou muitas suspeitas. São acusados alguns dirigentes do clube por crimes de devassa, entre outros, e de manipulação de agentes judiciais”.
A eurodeputada eleita pelo Partido Socialista vai mais longe, questionando o percurso de Luís Filipe Vieira, presidente dos “encarnados”: “Sabemos que o dirigente máximo do clube está referenciado em várias listas de grandes devedores do país por vários empréstimos não pagos. Há todo um passado de delinquência ligado a essa pessoa”.
Rui Pinto encontra-se detido, em Lisboa, depois de o juiz de instrução criminal ter decretado a medida de prisão preventiva. O advogado de Rui Pinto vai recorrer da medida de prisão preventiva. "Naturalmente vamos recorrer. Pensamos que não havia razões para isto”, declarou aos jornalistas na sexta-feira Francisco Teixeira da Mota, advogado de Rui Pinto, que considerou “exagerada” a medida de coação e informou que o seu constituinte vai permanecer detido nas instalações da Polícia Judiciária.
O denunciante do Football Leaks é imputado pela justiça portuguesa da prática de seis crimes: dois de acesso ilegítimo, dois de violação de segredo de justiça, um de ofensa a pessoa colectiva e outro de tentativa de extorsão.