Governo pré-contrata camiões cisterna para garantir que água não falha nas torneiras

Medida foi anunciada no final da reunião da comissão interministerial para prevenir e acompanhar efeitos da seca. Esta sexta-feira, Governo apresenta quadro legislativo que permitirá reaproveitamento para fins não-potáveis de 10% das águas tratadas em 50 das principais estações de tratamento do país.

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Ministros Capoulas Santos e Matos Fernandes, da Agricultura e do Ambiente, respectivamente, integram a comissão de prevenção e combate aos efeitos da seca LUSA/António Cotrim

Para garantir que a água não vai faltar nas torneiras dos portugueses, o Governo pré-contratou camiões-cisterna para responder à eventual necessidade de abastecer aglomerados urbanos que estão dependentes de captações subterrâneas.

Esta medida preventiva foi anunciada esta quarta-feira, numa altura em que, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), mais de metade do território do continente está em seca moderada (38% em seca fraca e 5% em seca severa). Sublinhando que, apesar de tudo, as disponibilidades hídricas são superiores às de 2017, ano em que a seca, aliada aos incêndios, obrigou à restrição do uso da água, fonte do Ministério do Ambiente disse ser impossível determinar quanto custará esta medida, porque “tudo dependerá do que vier a acontecer”.

Por enquanto, e apesar de 2019 estar a ser “anormalmente seco e quente”, é ainda possível “garantir a normalidade do ano agrícola” na maior parte do país, segundo o ministro da Agricultura, Capoula Santos, que falou aos jornalistas no final de uma reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca.

No final do encontro, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, adiantou que o Governo está empenhado em garantir a reutilização das águas tratadas em 50 das principais estações de tratamento de águas residuais do país. Nesta sexta-feira, Dia Mundial da Água, o Governo vai anunciar o quadro legislativo que permitirá que, até 2025, 10% da água tratada nestas estações deixe de ser reintroduzida no meio (ou seja, encaminhada para os rios ou para o mar) e passe a ser usada em fins não-potáveis, como a lavagem de ruas, estradas, contentores ou carros e na rega.

E o objectivo é que, cinco anos depois, em 2025, a percentagem de água tratada reutilizada aumente para os 20%. Aliás, a Câmara de Lisboa, que se prepara para ser a capital verde da Europa em 2020, prepara-se para anunciar que vai passar a regar toda a zona verde do Parque das Nações com água tratada.

As 50 ETAR em causa representam cerca de 75% do total dos caudais tratados no país. E, futuramente, conforme anunciou em meados do ano passado o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, o Governo admite que os edifícios sejam dotados, aquando da sua construção, de uma rede autónoma que leve água deste tipo até aos autoclismos das casas. 

Noutra frente, o ministro do Ambiente anunciou que vão ser abertas novas ligações de abastecimento de água no Alentejo, referindo-se às interligações que permitirão levar água da barragem do Alqueva (que em 2017 continuava a ter água suficiente para cinco ou seis anos) para outras barragens a jusante. Estas interligações “estão a ser feitas neste momento”, segundo fonte do ministério, devendo ficar concluídas até 2024, e o objectivo é que a água seja depositada noutros reservatórios localizados em zonas do Alentejo onde a seca costuma suscitar preocupação.

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Numa altura em que a possibilidade de ocorrência de chuva em Abril admite vários cenários, Matos Fernandes apontou a possibilidade de ser retomada já em Abril a campanha para apelar à poupança de água feita no ano passado, sublinhando que o combate ao desperdício de água deve ser um desígnio da responsabilidade de todos os cidadãos. 

A próxima reunião da comissão será a 30 de Abril. Por enquanto, não parecem estar em cima da mesa medidas como a redução da pressão nos sistemas de abastecimento ou a interdição temporária de usos, como o enchimento de piscinas, por exemplo, ou mesmo o aumento temporário dos tarifários, como medida dissuasora do consumo.

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