PPM confirma coligação com Chega mas refere ter “outro tipo de programa”
André Ventura vai encabeçar a lista da coligação entre o PPM, Partido Cidadania e Democracia Cristã e os movimentos Democracia 21 e Chega. Mas o presidente do partido monárquico distancia-se de algumas ideias defendidas pelo cabeça de lista.
O presidente do Partido Popular Monárquico (PPM), Gonçalo da Câmara Pereira, confirmou esta quarta-feira que integrará uma coligação com o movimento Chega para as eleições europeias, mas demarcou-se desta força política, sublinhando ter “outro tipo de programa”.
Falando aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, no final de um encontro com o Presidente da República, a pedido do PPM, o líder confirmou que o partido irá integrar a coligação com os movimentos Chega e Democracia 21 e o Partido Cidadania e Democracia Cristã (PPV/CDC), antes conhecido como Partido Portugal Pró-Vida.
“Nós estamos a tentar angariar esforços para conseguirmos levar ao Parlamento Europeu uma política nova”, referiu aos jornalistas.
O presidente do partido explicou também que a “candidatura que foi apresentada em Bruxelas [no final de Fevereiro] foi a dos candidatos do Partido Popular Monárquico, integrados ou não dentro de uma coligação”.
Gonçalo da Câmara Pereira confirmou que o fundador do Chega (que aguarda resposta do Tribunal Constitucional quanto à sua formalização enquanto partido), André Ventura, será o cabeça de lista da coligação e que o próprio será o segundo da lista. “Em princípio o movimento Democracia 21 há-de apresentar o terceiro candidato, e o PPV em princípio o quarto, é a lógica normal de uma coligação igualitária”, notou.
A Coligação Chega foi aprovada no sábado, em reunião do Conselho Nacional do PPM. Os conselheiros tinham posto entraves ao nome de André Ventura devido “à comunicação social ter transmitido um pouco a ideia de racismo e de xenofobia” presente no discurso do antigo vereador da Câmara de Loures e, por isso, “foi ouvido, assim como foi ouvido também” Manuel Matias, responsável geral do PPV/CDC. “Foram ouvidos e depois tirámos as dúvidas”, afirmou Câmara Pereira.
Questionado sobre estas classificações, o presidente da Comissão Política Nacional do PPM rejeitou-as, mas distanciou-se. “Para nós não [são racistas ou xenófobos]. Eles têm uma política, nós temos outra. Nós somos ecologistas, somos ambientalistas, temos outro tipo de programa, mas precisamos é de uma coligação forte para combater este centralismo do eixo, o Partido Popular Europeu”, respondeu.
Para Gonçalo da Câmara Pereira, os candidatos ao Parlamento Europeu “são todos iguais” e “as pessoas votarem no CDS, votarem no Marinho e Pinto, votarem no PSD ou votarem no MPT é votarem exactamente no mesmo, é isso que é preciso mostrar”.
Quanto a repetir esta coligação para as eleições legislativas, que se disputam a 6 de Outubro, o líder do PPM assumiu que “depende do resultado”, mas apontou que vê a ideia com bons olhos. “Nós estamos abertos”, salientou, acrescentando que neste momento está preocupado com “não fazer destas eleições umas primárias das legislativas”.
Na opinião do monárquico, o importante nas eleições para o Parlamento Europeu, que se disputam a 26 de Maio, será “combater o centralismo europeu franco-alemão”, defendendo que existe “o perigo de Portugal desaparecer como país independente”.
Sobre a audiência que pediram a Marcelo Rebelo de Sousa, Gonçalo da Câmara Pereira notou que o partido realizou um congresso em Janeiro e a nova direcção quis apresentar cumprimentos ao chefe de Estado.