FC Porto e Sporting querem álcool de volta aos estádios, Benfica analisa
Regresso da venda de bebidas de baixo teor alcoólico nos estádios está a ser discutido na Liga.
Para além do Sporting, também o FC Porto está a favor da alteração de lei da Violência Associada ao Desporto para que seja permitida a venda e consumo de bebidas de baixo teor alcoólico nos estádios portugueses.
Miguel Cal, administrador da SAD do Sporting, revelou, esta terça-feira, à Lusa, que o assunto está a ser discutido em grupos de trabalho na Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e uma proposta de “alteração à lei actual, para que num futuro próximo seja permitida a venda de bebidas fermentadas de baixo teor alcoólico nos recintos desportivos em Portugal”, está a ser apreciada pelo Parlamento. A proposta do Governo, que será discutida na Assembleia da República, "não toca”, porém, na questão da venda de bebidas alcoólicas, disse o secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo.
“O FC Porto defende a venda de álcool, à imagem do que acontece em todos os países da Europa Ocidental”, revela ao PÚBLICO Francisco J. Marques. O director de comunicação dos “azuis e brancos” diz que a “venda restritiva” colocada em prática no nosso país aquando do Campeonato da Europa de 2004 já não faz sentido, relembrando o peso da indústria no futebol português: “Não faz sentido continuarmos a manter esta posição adoptada no Euro 2004. As cervejeiras são parceiras importantes.”
Dos 18 clubes presentes na I Liga de futebol, 14 são patrocinados por uma marca por uma marca de cerveja, enquanto um outro, o Tondela, é apoiado por uma marca de vinho. FC Porto e Sporting são patrocinados pela Super Bock que, em Janeiro, foi anunciada como a cerveja oficial das competições profissionais de futebol. O Benfica, por sua vez, tem na Sagres um dos principais parceiros.
Luís Bernardo, director de comunicação do Benfica, explica ao PÚBLICO que o Benfica ainda não tem uma posição pública sobre esta proposta de alteração de lei, garantindo que os “encarnados” irão “analisar” cuidadosamente a questão de modo a “perceber todo o enquadramento”. Essa posição será tomada “no âmbito das instituições” competentes, faz questão de frisar.
A proposta do Sporting preocupa a Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP). Paulo Rodrigues, presidente da ASPP, mostra-se contra uma alteração à lei actual.
“Vemos esta questão com alguma preocupação. Percebemos que as pessoas queiram fazer do futebol uma festa e, como é natural nas festas, exista o consumo de álcool. Ultimamente — e referindo-se a várias centenas de eventos — o futebol tem sido transformado num espaço com muita violência, muita agressividade. O consumo de bebidas alcoólicas não vem agilizar o trabalho da polícia”, garante Paulo Rodrigues ao PÚBLICO.
Em resposta ao pedido de esclarecimento do PÚBLICO, a Polícia de Segurança Pública (PSP) informou que, “para já, não tem qualquer comentário a efectuar sobre a proposta em apreço”.
Zona de claques sem cadeiras e revisão do policiamento
Para além da alteração à lei na questão das bebidas alcoólicas, o FC Porto defende ainda duas outras medidas: a criação de uma safe standing zone (bancada, geralmente reservada às claques, sem cadeiras) e a revisão do contingente policial para cada jogo.
Na primeira medida defendida pelos “azuis e brancos”, Francisco J. Marques sugere a solução encontrada na Alemanha. Na Bundesliga, as bancadas das claques não possuem cadeiras, com os adeptos dos grupos organizados a permanecerem de pé durante os 90 minutos.
Para o director de comunicação dos “dragões”, esses novos sectores seriam importantes para garantir uma maior segurança para os adeptos que se desloquem aos recintos desportivos. “O FC Porto defende a criação de áreas do estádio sem cadeiras. É uma coisa que acontece com grande sucesso na Alemanha. As pessoas da claque assistem ao futebol de pé e, quando há problemas, destroem e arremessam essas cadeiras. Nunca viu uma arremessada sem ser numa dessas zonas [onde estão presentes claques].”
Por último, os “dragões” pedem uma revisão de fundo da atribuição do policiamento. A título de exemplo, Francisco J. Marques compara uma partida do FC Porto com 30 mil adeptos e uma do Boavista, com seis mil: “A polícia para esses dois jogos é a mesma. O policiamento está sobrecalculado e há muitas variações regionais. Em certos jogos [que congreguem menos adeptos adversários] não faz sentido ter dispositivo de segurança”, atesta o director de comunicação. “A maior parte dos clubes concorda com as três propostas”, finaliza.