O mundo precisa de uma “mudança radical” para responder ao desafio das alterações climáticas, declarou esta sexta-feira o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, num artigo de opinião publicado no diário britânico The Guardian.
No texto, Guterres elogiou os jovens que se manifestaram esta sexta-feira em mais de cem países, incluindo Portugal, reclamando acção urgente contra as alterações climáticas.
“Estes estudantes compreenderam algo que os que têm mais idade andam a evitar: estamos na corrida das nossas vidas, e estamos a perder”, acentuou o chefe da ONU.
Entre os exemplos de desenvolvimento negativos mencionados por Guterres estão:
- a concentração de dióxido de carbono em níveis inéditos nos últimos três milhões de anos;
- o facto de os últimos quatro anos terem sido os mais quentes desde que há registos;
- a subida dos níveis do mar;
- a agonia dos corais;
- e o impacto mortífero das alterações climáticas na saúde, através da poluição atmosférica, das ondas de calor e dos riscos à segurança alimentar.
A dimensão do desafio leva-o a defender a colocação em movimento de uma mudança radical.
Para Guterres, esta radicalidade significa “acabar os subsídios para os combustíveis fósseis e a agricultura e mudar para a energia renovável, veículos eléctricos e práticas amigáveis do clima”.
Para concretizar estas ideias, o secretário-geral das Nações Unidas adiantou que “isto significa pôr um preço nas emissões de carbono que reflictam o verdadeiro custo das emissões, dos riscos climáticos às incidências na saúde da poluição atmosférica”.
Depois de recordar que o mundo tem o Acordo de Paris, constatou a necessidade de uma acção mais consequente com os compromissos assumidos. “É por isso que vou reunir os líderes mundiais em uma cimeira para a acção climática este ano”, disse, aludindo à reunião que vai decorrer em Nova Iorque, em Setembro.
O objectivo, acrescentou, é a apresentação de planos realistas e concretos para os países reforçaram as suas contribuições nacionais até 2020, com o objectivo de reduzir os gases com efeito de estufa em 45% durante a próxima década e para zero, em termos líquidos, até 2050.
Em particular, Guterres pretende a apresentação de “soluções ambiciosas” em seis áreas: energia renovável, redução de emissões de gases com efeito de estufa, infra-estruturas sustentáveis, resistência aos efeitos das alterações climáticas e investimentos na economia verde.