Reino Unido lança fundo global contra a "pobreza do período"
Objectivo é ajudar, até 2050, as raparigas e as mulheres a terem acesso a produtos sanitários.
A Grã-Bretanha lançou nesta segunda-feira um fundo global contra a "pobreza do período", para até 2050 ajudar todas as mulheres e raparigas a terem acesso a produtos sanitários e, em simultâneo, a combater o estigma em torno da menstruação.
Estima-se que metade das mulheres e raparigas nos países pobres são forçadas a usar trapos, panos e papel durante o período, uma vez que não podem comprar pensos ou tampões, avança o Governo britânico. Também no Reino Unido há 10% de raparigas que não têm condições para comprar estes produtos, avança um inquérito feito pela Plan International, uma organização não-governamental de defesa dos direitos das mulheres..
O Governo prometeu doar dois milhões de libras (2,33 milhões de euros) a organizações que trabalham a nível mundial e destinou 250 mil libras (290 mil euros) para departamentos governamentais, instituições de caridade e empresas privadas britânicas para resolver o problema a nível nacional.
“O empoderamento começa quando se é jovem. As meninas devem ser capazes de se concentrar na sua educação e no futuro sem se preocuparem ou ficarem envergonhadas por causa do período”, justifica Penny Mordaunt, ministra da Mulher e Igualdade, em comunicado.
Em muitos países, a menstruação ainda é tabu. No Nepal, a secular prática hindu de "chhaupadi", em que as mulheres são banidas das suas casas durante o período, levou a quatro mortes desde o início do ano.
Na Grã-Bretanha, cerca de uma em cada quatro jovens entre 11 e 21 anos sente-se envergonhada por falar sobre a menstruação, revela a Girl Guiding UK, uma organização que trabalha com raparigas.
Recentemente, o consórcio de codificação Unicode, que distribui emojis em dispositivos móveis, disse que incluirá um emoji para o período, uma gota de sangue. A ideia surgiu depois de a Plan ter feito uma campanha para ajudar as pessoas a falar abertamente sobre a menstruação.
“Esta é uma questão global. Sem educação, as mulheres e as raparigas em todo o mundo não conseguirão tomar as medidas necessárias para alcançar o seu verdadeiro potencial”, acrescenta Mordaunt, que também é ministra do Desenvolvimento Internacional da Grã-Bretanha.
Globalmente, cerca de 288 milhões de mulheres têm o período todos os dias, mas uma em cada três não tem acesso a instalações sanitárias para usar durante a menstruação, de acordo com a instituição de caridade WaterAid. As Nações Unidas estimam que, devido à falta dessas instalações, uma em cada dez meninas em África falta à escola durante o período e acaba abandonando-a.