Novo Banco diz que "todas as auditorias são bem-vindas"

Presidente do Novo Banco disse hoje que “todas as auditorias são bem-vindas”, depois de o Ministério das Finanças ter considerado “indispensável" que se faça uma aos créditos para escrutinar o processo de recapitalização do Novo Banco.

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António Ramalho, CEO do Novo Banco desde 2016. Mandato actual termina em 2020 LUSA/TIAGO PETINGA

“Todas as auditorias são bem-vindas”, disse António Ramalho, mesmo no final da conferência de imprensa de apresentação de resultados de 2018, logo que foi conhecido que as Finanças querem uma auditoria a créditos que estão no balanço do banco.

"Dado o valor expressivo das chamadas de capital em 2018 e 2019, o Ministério das Finanças, em conjugação com o Fundo de Resolução (FdR), considera indispensável a realização de uma auditoria para o escrutínio do processo de concessão dos créditos incluídos no mecanismo de capital contingente", lê-se no comunicado emitido hoje.

A reacção das Finanças surgiu depois de o Novo Banco ter registado um prejuízo de 1.412 milhões de euros em 2018 e anunciado que vai pedir uma injecção de 1.149 milhões de euros ao FdR para reforçar rácios de capital, ao abrigo do Mecanismo de Capital Contingente acordado em 2017 aquando da venda da maioria da capital do banco ao fundo norte-americano Lone Star.

Os créditos cobertos pelo chamado mecanismo contingente têm que ver com o legado com que o Novo Banco ficou do BES.

O Novo Banco, criado no verão de 2014 para ficar com parte da actividade bancária do BES (resgatado em 3 de Agosto de 2014), é detido pelo fundo norte-americano Lone Star em 75% e em 25% pelo Fundo de Resolução bancário.

A gestão do Novo Banco salienta reiteradamente, e hoje voltou a fazê-lo, que os seus resultados são penalizados pelo legado com que ficou do BES. Ramalho disse hoje mesmo que o "banco recorrente", ou seja, excluindo o legado do BES, já teve em 2018 resultados positivos, ainda que de dois milhões de euros.

O Novo Banco anunciou hoje, em conferência de imprensa, que teve prejuízos de 1.412,6 milhões de euros e que vai pedir uma injecção de capital de 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução.

Referente a 2017, o Novo Banco já tinha recebido um reforço de capital de 792 milhões de euros, pelo que a concretizar-se o valor pedido hoje conhecido, as injecções do Fundo de Resolução ficarão em mais de 1.900 milhões de euros.

Contudo, o banco ainda poderá pedir mais quase 2.000 milhões de euros, uma vez que a recapitalização pelo Fundo de Resolução pode chegar aos 3,89 mil milhões de euros até 2026.

No ano passado, o Estado teve de emprestar ao Fundo de Resolução dinheiro (mais de 400 milhões de euros) para que este pudesse recapitalizar o Novo Banco. Este ano o Estado pode emprestar ao Fundo de Resolução até 850 milhões de euros.