Exposição em Lisboa vai mostrar a arte de Antonio Canova "em estado de guerra"

Exposição apresentará um conjunto de fotografias do conservador italiano Stefano Serafin que retratam a destruição que as esculturas de Antonio Canova sofreram durante a Primeira Guerra Mundial.

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Exposição estará aberta ao público entre 8 de Março e 12 de Maio, na Galeria Avenida da Índia, em Lisboa EGEAC

A exposição "Arte em Estado de Guerra", de Stefano Serafin, que aborda o tema da destruição de obras de arte, é inaugurada a 7 de Março, na Galeria Avenida da Índia, em Lisboa, com cerca de 70 fotografias inéditas. 

Com curadoria de Paula Pinto, a exposição estará aberta ao público entre 8 de Março e 12 de Maio, organizada pelas Galerias Municipais/Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC).

A exposição apresenta um conjunto de fotografias do conservador italiano Stefano Serafin (1862-1944), nascido em Possagno, Veneto, que retratam a destruição das esculturas de Antonio Canova, natural da mesma vila (1757-1822), durante a Primeira Guerra Mundial. 

Após a morte de Antonio Canova, em 1822, e o encerramento do seu estúdio romano, cerca de 186 peças em gesso foram transportados para Possagno, a vila natal do escultor. 

A Gipsoteca Canoviana abriria ao público em 1844 e Stefano Serafin foi nomeado seu conservador a partir de 1891, mas o acervo dos gessos Canovianos seria brutalmente danificado por uma série de granadas de mão, quando em 1917 a cordilheira dos Alpes se transformou numa das frentes de batalha da Primeira Guerra Mundial. 

Foi precisamente há cem anos que o conservador da Gipsoteca Canova, Stefano Serafin, deu início à documentação fotográfica dos gessos e à sua reconstrução.
Depois de ter sido parcialmente comissariada para o Centro Internacional de Artes José de Guimarães em 2017, a exposição chega agora à Galeria da Avenida da Índia, com um núcleo de 70 novas fotografias, encontradas recentemente em Possagno, e agora mostradas pela primeira vez ao público.

"Estas fotografias representam o limite da destruição a que as obras de arte estão sujeitas. Elas já não representam as esculturas de António Canova. A reconstrução das obras por Stefano Serafin (...) levou à assunção destes objectos não como artefactos únicos, mas antes enquanto objectos sujeitos a transformações", segundo um texto da curadora Paula Pinto sobre a exposição. 

Ao fazer moldes das obras de mármore para recuperar os gessos, o conservador reverteu a hierarquia de alguns destes objectos, uma vez que transformou alguns dos modelos originais, em cópias. 

As fotografias, "que revelam a tortura da guerra e a dedicação com que Stefano Serafin restaurou a beleza neoclássica da arte de Antonio Canova, evidenciam as ruínas através das quais procuramos dar sentido à vida, num desequilíbrio entre a obrigação de reconstruir a memória e a expectativa de que a arte, ao contrário de tudo o resto, sobreviva intacta para sempre", aponta.

A Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa também participará nesta exposição com a obra Leoncino piangente [Leão choroso], pertencente à sua colecção de Escultura. Esta obra, não datada e de formador desconhecido, é uma cópia/redução em gesso do leão que integra o Monumento a Clemente XIII que Antonio Canova esculpiu e que pode ser visto na Basílica de S. Pedro, no Vaticano.