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Economia digital representou 4,6% do PIB português, indica estudo

Boston Consulting Group estima que a actividade associada aos produtos e serviços digitais tenha totalizado nove mil milhões de euros na economia portuguesa em 2017.

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O consumo privado representa 60% do impacto digital na economia Joana Goncalves

A economia digital cresceu nos últimos anos, aproximando-se dos 5% da riqueza gerada em Portugal, mas está ainda longe de ter o peso registado em alguns dos países europeus mais digitalizados, conclui um estudo do Boston Consulting Group, uma consultora internacional.

O relatório, que foi apresentado nesta sexta-feira e é apoiado pelo Google, estima que o “impacto do digital na economia” tenha significado nove mil milhões de euros em 2017, depois de ter crescido 20% ao longo dos quatro anos anteriores. O valor era o correspondente a 4,6% do Produto Interno Bruto (PIB) daquele ano.

A economia digital analisada pelo Boston Consulting Group é uma categoria vasta que engloba, entre outros, as receitas do comércio electrónico, as mensalidades pagas por serviços de acesso à Internet, viagens em serviços como a Uber, os investimentos dos operadores de comunicações em infra-estruturas, e a despesa pública em tecnologias de informação. Alguns dos valores apurados resultam de estimativas.

O peso do digital no PIB de Portugal fica aquém do que a consultora estimou para Espanha, Alemanha, França, Itália e Reino Unido, um conjunto de países onde a média era de 7,9%. No Reino Unido, o país onde este indicador era mais elevado, o digital significou 13,8% da riqueza gerada. Em Espanha, o valor era de 6,4% e em Itália, de 5%.

O relatório nota que, em 2017, Portugal estava “apenas ligeiramente acima da média dos 27 países da União Europeia” em 2010, remetendo para um estudo daquele ano feito pela consultora que indicava um valor médio de 4,1% do PIB. “Se Portugal conseguisse atingir o valor médio do universo seleccionado de pares (7,9%), isto representaria um incremento superior a seis mil milhões de euros”, notam os autores do estudo.

Privados são o motor

As estimativas do Boston Consulting Group apontam que o consumo privado é “o principal motor económico digital”, representando 60% do total. Aqui, é o comércio electrónico que tem maior peso, seguido das despesas com o acesso à Internet.

“O e-commerce, que apresenta um crescimento acelerado nos últimos anos, é a principal componente do consumo privado, contribuindo em mais de dois mil milhões [de euros]”, refere o documento. “O acesso à Internet tem um peso bastante relevante, valendo quase 30% do total do consumo privado. Dentro do consumo privado, está ainda incluído o valor gasto em software, hardware, em seguros, na banca online e na economia colaborativa, sendo que esta última, apesar de se encontrar em forte crescimento, apenas representa 470 milhões de euros, menos de 10% do consumo privado em 2017.”

O hábito de fazer compras online tem crescido em Portugal, mas está ainda longe dos valores da média europeia. Em 2018, 37% das pessoas entre os 16 e os 74 anos a residir em Portugal fizeram compras online, segundo números do Instituto Nacional de Estatística. Em 2010, eram apenas 15%.

O estudo nota que muitos consumidores fazem pesquisa e comparação de produtos online, mas não concluem a compra na Internet. “Os retalhistas são assim desafiados a acompanhar jornadas de compra que não são puramente digitais ou offline, mas sim marcadas por uma alternância entre estes dois mundos muitas vezes descoordenados na estratégia comercial”, referem os autores.

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