Lucro do BCP sobe 61,5% em 2018 e liberta dividendos de 30 milhões

Maior banco privado português registou um resultado líquido de 301,1 milhões de euros no ano passado.

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LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

O banco BCP teve lucros de 301,1 milhões de euros em 2018, mais 61,5% do que os resultados de 2017, divulgou hoje o presidente executivo, Miguel Maya, em conferência de imprensa.

Antes da apresentação das contas de 2018, o presidente do Conselho de Administração, Nuno Amado, fez uma intervenção inicial em que destacou o plano de reestruturação que o banco passou nos últimos anos, que considerou “coerente, complexo, bem implementado” e que permitiu ao BCP, depois de anos de prejuízos em 2013, 2014 e 2015, ter regressado aos lucros em 2015, 2016, 2017 e 2018.

“Apresentamos resultados positivos, crescentes e consistentes. Vamos ao ritmo certo”, considerou Amado, que em Julho do ano passado deixou de ser presidente executivo (cargo que ocupava desde 2012) e passou a presidente do Conselho de Administração (‘chairman’, não executivo).

Dividendo de 30 milhões

A comissão executiva do BCP propôs que o banco distribua em dividendos 10% dos lucros obtidos em 2018, o equivalente a cerca de 30 milhões de euros.

Esta informação foi divulgada hoje pelo presidente executivo do BCP, Miguel Maya, que está a apresentar os resultados anuais em conferência de imprensa, em Lisboa. A proposta terá de ser aprovada em Conselho de Administração e submetida à assembleia-geral de accionistas, que decorrerá em 22 de Maio.

"É muito importante para sinalizar ao mercado a normalização do banco", disse Miguel Maya, considerando que a proposta de distribuição de dividendos é prudente até porque os "desafios continuam relevantes no sistema financeiro".

A proposta ainda terá de ser aprovada em Conselho de Administração - já após as contas de 2018 auditadas - e submetida à assembleia-geral de accionistas, que decorrerá em 22 de Maio, mas se for aprovada significa a primeira distribuição de dividendos do BCP desde 2010.

Miguel Maya indicou que esta proposta de dividendos ainda não foi aprovada pelo Banco Central Europeu (BCE), mas mostrou-se "tranquilo" de que seja, uma vez que "o dividendo é prudente e os níveis de capital são adequados".

O presidente executivo disse ainda que o BCP acredita que vai cumprir o definido no plano estratégico sobre dividendos, de aumentar o pagamento dos dividendos para 40% dos resultados até 2021.

O BCP tem como accionistas de referência o grupo chinês Fosun (27,06%), a petrolífera angolana Sonangol (19,49%), o fundo de investimento BlackRock (3,39%) e o Grupo EDP (2,11%).

Apreensão pelo Novo Banco

O presidente executivo do BCP, Miguel Maya, acrescentou ainda que o seu banco vê com "alguma apreensão" as notícias da eventual injecção de mais de 1.000 milhões de euros do Fundo de Resolução no Novo Banco.

"Obviamente que vemos com alguma apreensão, não posso dizer que seja uma surpresa, já que o modelo de incentivos criado é propenso a que haja essa tentação de tirar o máximo possível do fundo", disse Miguel Maya durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados do BCP, em Lisboa.

"Não vemos as coisas e não ficamos indiferentes ao que se está a passar", acrescentou Miguel Maya, numa referência às notícias de 8 de Fevereiro publicadas pelo Jornal Económico que dão conta de que o Novo Banco precisará de mais de 1.000 milhões de euros provenientes do Fundo de Resolução (entidade da esfera pública gerida pelo Banco de Portugal, comparticipada pelos outros bancos, que detém 25% do Novo Banco).

O líder do BCP reiterou que o Fundo de Resolução "é um peso enorme" sobre o banco, assente num modelo que não considera "adequado", acrescentando que a instituição que lidera vai tentar "chegar a um acordo para melhorar o modelo" para que seja mais "equitativo".

"Não achamos correcto que quando há uma união bancária se fala de separar o soberano do risco", e que depois o fundo apresente uma factura, concluiu Miguel Maya.