Um Porto mais verde será um Porto mais fresco

Estudo da Universidade de Aveiro recomenda mais áreas verdes, parques e jardins, cobertura vegetal e cores claras no topo dos edifícios para a cidade combater as ondas de calor.

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Projecto do Parque Verde da Asprela DR

Nos últimos anos, os alertas da comunidade científica têm apontado para uma maior frequência de ondas de calor, a nível mundial, com consequências nocivas não só para o ambiente, mas também para a saúde pública. A cidade do Porto não é excepção e esta quinta-feira o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CEAM), da Universidade de Aveiro recomenda que a cidade deve investir em "mais áreas verdes para combater as ondas de calor”. Um desafio que vai de encontro ao que a cidade está já a fazer, nota o pelouro do Ambiente do município. 

A construção de mais áreas verdes, a expansão de jardins e parques já existentes, a colocação de vegetação e plantas nos telhados e coberturas de edifícios e o uso de cores claras no topo dos edifícios e nos pavimentos urbanos são as propostas do estudo realizado pela equipa de investigadores do CEAM para “baixar as temperaturas urbanas sob ondas de calor” e, consequentemente, a poluição atmosférica. “Estas medidas são capazes de reduzir [a temperatura ambiente] cerca de um ou dois graus celsius”, o que, segundo David Carvalho, um dos autores da investigação, provoca “uma diferença significativa no conforto térmico da população”.

Membro do grupo de previsão e modelação meteorológica e atmosférica da NASA, David Carvalho alerta que, em resultado das alterações climáticas, “é muito provável que [as ondas de calor] venham a aumentar, até a breve prazo, quer em número quer em intensidade” na cidade do Porto e arredores, trazendo consequências nefastas para a população e para o meio ambiente. Por isso, explica, estas medidas “devem ser encaradas pelos agentes do poder local como verdadeiras soluções a pôr em prática no imediato”. 

Na verdade, a discussão sobre espaços verdes tem estado em cima da mesa da autarquia, com iniciativas e projectos que visam uma melhor qualidade ambiental para a cidade. Em 2018, o Porto aderiu ao Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia, um movimento mundial cujas cidades signatárias comprometem-se a adoptar medidas de mitigação e a adaptação às alterações climáticas e, simultaneamente, estabelecem uma meta de 40% de redução dos gases com efeito de estufa até 2030. A par disso, até 2021, a Câmara do Porto vai plantar dez mil novas árvores no espaço público da cidade – os chamados "biospots”, uma iniciativa em colaboração coma Área Metropolitana do Porto e a Infra-estruturas de Portugal.

Os incentivos às coberturas vegetais não são, por isso, novidade para a cidade do Porto. Desde 2017 que o município estabeleceu uma estratégia de adaptação às alterações climáticas com cerca de 52 opções, procurando “adaptar a cidade aos extremos climáticos”, refere a câmara. Durante o mesmo ano, aliaram-se à Associação Nacional de Coberturas Verdes dando origem ao projecto Quinto Alçado – um estudo que identificou zonas prioritárias da cidade que podem receber coberturas com vegetação. Existe um “potencial de 25% de novas instalações que procuraremos encorajar e acelerar com regulamentação e incentivos no processo de revisão do Plano Director Municipal do Porto”, relata o município.

Em curso, estão ainda a obra do novo terminal intermodal de Campanhã, que irá ganhar um parque verde, e o projecto da ilha verde da Asprela, a zona semi-abandonada perto da Faculdade de Desporto que será um parque reordenado, aproveitando as 754 árvores existentes e acrescentando mais 645, de várias espécies.

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