Economia manteve ritmo moderado no final de 2018
Crescimento de 0,4% no quarto trimestre colocou taxa de variação do PIB no total de 2018 em 2,1%, menos 0,2 pontos do que o previsto em Outubro pelo Governo. Siza Vieira responsabiliza greve dos estivadores.
A economia portuguesa conseguiu crescer no quarto trimestre ligeiramente mais do que tinha feito nos três meses anteriores. No entanto, num cenário em que o contributo da procura externa se está a tornar menos positivo, o ano de 2018 terminou com o prolongamento da tendência de abrandamento na taxa de variação homóloga do PIB.
De acordo com os dados publicados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, o PIB português registou, durante o quarto trimestre do ano, uma variação de 0,4% em cadeia (face ao trimestre imediatamente anterior), um valor que compara com os 0,6% que se tinham verificado no segundo trimestre e com os 0,3% do terceiro.
Esta ligeira aceleração, contudo, não evitou que, em termos homólogos, a taxa de variação do PIB, que tinha sido de 2,4% no segundo trimestre e de 2,1% no terceiro, tenha baixado agora para 1,7% nos últimos três meses de 2018.
Esta diferença de tendência entre as variações em cadeia e homóloga acontece porque, embora, no quarto trimestre de 2018 a taxa de crescimento em cadeia de 0,4% ter superado os 0,3% do terceiro trimestre, ficou bem abaixo do ritmo de 0,8% que se tinha registado no quarto trimestre de 2017.
Com estes resultados, ainda provisórios, a economia registou no total de 2018 um crescimento de 2,1%, um valor que fica abaixo dos 2,8% de 2017 e da última estimativa do Governo, feita em Outubro, de 2,3%.
Os últimos meses têm mostrado que a economia portuguesa está numa fase de crescimento mais moderado, o que acontece a par com uma deterioração da conjuntura internacional. Na estimativa rápida apresentada esta quinta-feira, o INE não divulga ainda dados para as diversas componentes do PIB. No entanto, assinala que “a procura externa líquida apresentou um contributo para a variação homóloga do PIB mais negativo que o observado no trimestre anterior”. Em simultâneo, contudo, afirma que, em comparação com o terceiro trimestre, “o contributo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB foi menos negativo”.
Já esta manhã, em conferência de imprensa citada pela Lusa, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, sobre os números do PIB, considerou que “é possível que uma parte da explicação esteja no comportamento das exportações no final do ano, devido à greve dos estivadores no Porto de Setúbal que teve um impacto nos meses de Novembro e Dezembro” de 2018.
Acima da média europeia
A nível europeu, os dados publicados em simultâneo pelo Eurostat mostram que, na zona euro, a tendência foi semelhante à portuguesa, com uma ligeira melhoria na variação do PIB em cadeia que não evitou contudo a manutenção da tendência de abrandamento quando a comparação é feita com o período homólogo do ano anterior.
A taxa de crescimento em cadeia na zona euro foi, no quarto trimestre do ano passado, de 0,3%, o que compara com os 0,2% do terceiro trimestre. Em termos homólogos, a economia passou de uma variação de 1,3% no terceiro trimestre para 1,2% nos últimos três meses do ano. No total de 2018, a economia da zona euro cresceu 1,8%, menos 0,6 pontos do que no ano anterior.
Estes números confirmam também que Portugal continua a crescer mais do que a média da zona euro, algo que acontece sobretudo porque a economia nacional supera o desempenho das três maiores economias da moeda única: Alemanha, França e Itália.
A maior economia da zona euro, a Alemanha, escapou por pouco a um cenário de recessão técnica (dois trimestres consecutivos de crescimento em cadeia negativos). Depois de encolher 0,2% no terceiro trimestre, a variação nos últimos três meses do ano foi de 0%. A variação homóloga do PIB baixou de 1,2% para 0,6%.
Em França, a economia manteve um crescimento em cadeia de 0,3% no quarto trimestre, o que fez com que em termos homólogos o timo baixasse de 1,3% para 0,9%.
A Itália, como já tinha sido antecipado pelas autoridades estatísticas do país, confirmou a entrada em recessão técnica, com o PIB a cair 0,2% no quarto trimestre depois da descida de 0,1% no terceiro trimestre. O crescimento do PIB italiano face ao mesmo período do ano anterior é agora de apenas 0,1%.
Notícia actualizada às 12h20 com declarações do ministro da Economia