FC Porto foi perdulário e repetiu escorregadela no Minho

Ineficácia de Soares traiu intenções portistas, que podem ver rivais aproximarem-se da liderança. Moreirense mostrou por que é quinto classificado, prolongando o jejum dos portistas em Moreira de Cónegos.

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O FC Porto ficou-se pelo empate em Moreira de Cónegos LUSA/OCTAVIO PASSOS

O FC Porto voltou a perder terreno precioso na luta pelo título ao empatar — graças a um golo de Herrera já no período de compensações —, num terreno que se vem revelando “maldito” e onde não vence desde 2015. Mesmo assim, o desfecho foi um mal menor perante o cenário de derrota frente ao Moreirense que chegou a ser bem real.

O jogo acabou envolto em polémica, com os portistas a reclamarem penálti de Halliche sobre André Pereira (90+4’), pretensão negada por Jorge Sousa, que regressou ao activo para ajuizar um lance duvidoso, com falta clara mas difícil de perceber se dentro ou fora da área e que o VAR não esclareceu em absoluto. Mas antes, o FC Porto teve tempo para construir uma história diferente.

Sem Marega, Conceição fez regressar Danilo Pereira ao meio-campo, depois de uma ausência nas três últimas jornadas, colocando Herrera mais próximo da área. A pressão exercida pelos portistas provocou uma série de erros na defesa minhota, com o aniversariante Brahimi a assumir, com absoluta naturalidade, a batuta de maestro num ataque que emperrou nos equívocos de Soares.

O brasileiro deslumbrou-se perante a facilidade com que a bola surgia na rota do golo, concedendo aos “cónegos” o tempo necessário para estabilizarem o jogo e tentarem inocular algum veneno nas transições. Heriberto surgiu como o elemento mais perigoso, embora tenha sido Chiquinho a primeiro a visar a baliza de Casillas, falhando por muito pouco.

O guarda-redes espanhol, contudo, teria, perto do intervalo, intervenção decisiva a negar o golo a Heriberto, o que seria demasiado penalizador para os “dragões”, que estiveram sempre mais perto de marcar, fosse pelo argelino, fosse por Corona, Pepe e num calcanhar de Soares.

A pressão aumentava à medida que Fábio Pacheco ia desarmando os lances mais perigosos dos campeões, que, entretanto, adiantavam Óliver. Depois do nulo em Guimarães, frente ao Vitória, e sem vencer em Moreira de Cónegos há quatro anos, o FC Porto percebia a urgência de uma vitória para manter a concorrência a uma distância segura, especialmente numa fase de evidente desgaste, em que viu o Sporting erguer a Taça da Liga e o Benfica somar triunfos, sempre com o Sp. Braga atento.

Apesar de alguns bons indicadores da primeira parte, o FC Porto acabou por assistir a uma reentrada mais incisiva do Moreirense, que só por capricho do destino não marcaram através de Heriberto e Arsénio nos primeiros cinco minutos, levando Sérgio Conceição a intervir.

O técnico dos “dragões” operou uma dupla substituição. O FC Porto abdicava em definitivo de uma linha de três avançados para recuperar o 4x4x2. Pepe e Óliver Torres saíram, entrando Fernando Andrade e Otávio. Militão regressava ao eixo, devolvendo o corredor a Corona. Os efeitos foram imediatos, com os portistas a recuperarem instantaneamente o controlo das operações, mesmo que o Moreirense se insinuasse sempre com perigo, deixando claro que não está no quinto lugar por acaso.

Ivo Vieira abdicou então de Heriberto, desgastado, enquanto Conceição colocou mais um homem de área para os 15 minutos finais — André Pereira rendia um Brahimi espremido e cada vez com menos espaços. O avançado até marcou na primeira acção, beneficiando de posição irregular, pelo que o nulo prevalecia numa altura em que as duas equipas já haviam reclamado um penálti cada, com o VAR a não atender nenhum dos lados.

Apesar de tudo, o Moreirense não se deixava abalar e na sequência de um canto chegaria mesmo ao golo: Halliche ganhou de cabeça e acertou na barra, com Texeira a recuperar a bola e a bater Casillas, assinando o segundo golo consecutivo na Liga.

O FC Porto tinha então cerca de dez minutos para reagir. E fê-lo por Herrera, igualando, tendo estado perto da vitória, que Jhonatan negou in extremis, no último lance da partida.

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