Bukele vence eleições em El Salvador e afunda Frente Farabundo Martí
Nayib Bukele, de 37 anos, torna-se um dos presidentes mais jovens da história recente de El Salvador. O partido do poder, a FMLN, não passou do terceiro lugar.
Nayib Bukele, de 37 anos, conquistou no domingo uma vitória histórica nas eleições presidenciais de El Salvador, pondo fim a um quarto de século de domínio bipartidário.
“Podemos anunciar com toda a certeza que ganhamos a presidência da República. É um momento histórico, vencemos à primeira volta”, disse Bukele em conferência de imprensa num hotel da capital salvadorenha.
Bukele conquistou 53% dos votos, quando estavam contabilizados 90% dos boletins. Em segundo lugar ficou Carlos Calleja, de 42 anos, milionário empresário de supermercados, candidato do partido de direita Aliança Republicana Nacionalista (Arena), com 32%.
Tanto Carlos Caleja como Hugo Martínez, do partido de esquerda Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), do Presidente cessante, Salvador Sánchez Cerén, já assumiram a derrota frente ao antigo líder da câmara municipal de San Salvador.
Martínez conseguiu apenas 13,7% dos votos.
Bukele tem como uma das suas grandes referências Andrés Manuel López Obrador, Presidente do México, tendo adoptando o discurso contra a corrupção e a predominância dos partidos tradicionais que dominaram a política de El Salvador nos últimos anos.
A segurança no escrutínio foi assegurada por 23 mil polícias e cerca de 15 mil soldados, mobilizados durante o final da semana.
Em 2018 registaram-se 3340 mortes violentas (51 por 100 mil habitantes), o que põe El Salvador, apesar de uma redução em 15% dos homicídios relativamente a 2017, entre os países mais violentos do mundo fora das zonas de guerra.
Segundo as autoridades, a maioria destas mortes é causada por bandos criminosos, que agrupam cerca de 70 mil membros, dos quais 17 mil estão detidos.
Em 2017, a economia, na qual predomina o dólar como moeda corrente, registou o maior crescimento dos últimos cinco anos (2,6%), mas insuficiente para compensar o crescimento da população activa e revalorizar os salários, quando 30,3% dos 6,6 milhões de salvadorenhos vivem abaixo do limiar da pobreza.
O salário mínimo mensal ronda os 300 dólares (261 euros), o que apenas garante algumas necessidades básicas.
Confrontados com a miséria e o terror dos bandos armados, com ligações ao narcotráfico e à imigração clandestina, mais de três mil salvadorenhos optaram por integrar as “caravanas” que seguiram por estrada em direcção ao “sonho americano”, mas que para a larga maioria não se concretizou.