Distrital do PSD de Coimbra demite-se em bloco
Presidente da comissão política local, Maurício Marques, queria que a clarificação no partido passasse por eleições directas, como propôs Luís Montenegro. A nova direcção será escolhida dia 9 de Março.
A distrital do PSD de Coimbra vai eleger os novos órgãos no dia 9 de Março. Maurício Marques apresentou a demissão de presidente da estrutura distrital esta segunda-feira à noite, no decorrer de uma reunião da comissão política e arrastou consigo os restantes membros da direcção.
A demissão de Maurício Marques acontece alguns dias depois do conselho nacional extraordinário do PSD que aprovou a moção de confiança à liderança de Rui Rio. Na recente guerra interna, o líder da distrital social-democrata de Coimbra esteve com Luís Montenegro que desafiou Rui Rio a convocar directas, devolvendo a palavra aos militantes.
Na reunião, o ainda presidente da distrital com quem o PÚBLICO tentou falar várias vezes, não só pediu a demissão do cargo como anunciou a intenção de abandonar o Parlamento, tendo também comunicado aos militantes que apresentou a demissão da coordenação do PSD na comissão de Agricultura ao líder do grupo parlamentar, Fernando Negrão.
Na semana passada, em declarações ao PÚBLICO, Maurício Marques disse que no conselho nacional fez críticas à actual liderança, queixando-se concretamente da falta de coordenação entre os órgãos nacionais do partido e a distrital de Coimbra. Mas Maurício Marques não foi o único a apontar o dedo à direcção de Rio por “falta de articulação” com o partido. Outros conselheiros nacionais o fizeram, como foi o caso do também deputado Bruno Vitorino, que lidera a distrital de Setúbal.
A possibilidade de haver demissões de outros líderes distritais do partido é encarada pela direcção do partido. Fontes sociais-democratas admitem que esta pode ser uma forma encontrada para “ir desgastando” Rui Rio.
Paulo Leitão, vice-presidente da distrital, assumiu esta terça-feira a vontade de apresentar um projecto para a distrital de Coimbra. Paulo Leitão disse que a decisão de se demitirem em solidariedade para com Maurício Marques foi um “acto espontâneo”.
“Fui convidado pelo engenheiro Maurício Marques para este projecto distrital e achei que o devia acompanhar na saída”, declarou ao PÚBLICO o vice-presidente, revelando que os restantes membros decidiram sair para dar a voz aos militantes de base. “Toda a gente foi solidária com o presidente e reviu-se nos argumentos que apresentou”, acrescentou.
Paulo Leitão, que foi vice-presidente da JSD com Pedro Rodrigues, explica ainda que decidiu sair por entender que o “ideal seria devolver a palavra aos militantes a abrir um novo ciclo político na distrital”.
Vereador na oposição na Câmara de Coimbra, o dirigente social-democrata promete apresentar um projecto nos próximos dias depois de ouvir as estruturas do partido e os militantes. “A minha candidatura será inclusiva, na qual todos os militantes do distrito se revejam”, disse Paulo Leitão, vincando a necessidade de o partido se unir em torno de um projecto mobilizador para preparar os combates eleitorais que o PSD vai ter de enfrentar.
Engenheiro civil de 38 anos, Paulo Leitão apoiou Rui Rio no combate das directas contra Santana Lopes. Já o ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa contou com o apoio de Maurício Marques.
A data das eleições para a distrital do PSD de Coimbra deve ser publicada na edição desta quarta-feira do jornal do PSD Povo Livre.