Trump anuncia acordo para suspender o shutdown até 15 de Fevereiro
Presidente norte-americano vai assinar acordo com democratas para reabrir temporariamente o Governo, mas avisa que, sem fundos para o muro, haverá nova paralisação.
O shutdown mais longo da história dos EUA chegará ao fim, ainda que sem garantias de que o Governo norte-americano não possa voltar a ser encerrado em breve. O Presidente Donald Trump anunciou, esta sexta-feira, que está disponível para assinar um acordo com o Partido Democrata que deverá garantir o financiamento da Administração federal até 15 de Fevereiro.
Grande parte da intervenção do Presidente norte-americano replicou os discursos da campanha eleitoral de 2016, quando foi eleito para a Casa Branca. Ao longo de vários minutos, Trump alertou para o problema das drogas, imigração excessiva e, sobretudo, como uma defesa sólida na fronteira conseguiria eliminar todos esses problemas.
O discurso terminou com uma ameaça clara aos democratas, com o Presidente a garantir que, de uma forma ou de outra, terá os fundos necessários para a construção das defesas na fronteira: "Deixem-me ser bem claro: não temos outra alternativa que não passe pela construção de uma parede poderosa. Se não tivermos um acordo justo do Congresso, o Governo vai paralisar a 15 de Fevereiro, novamente, ou irei usar os poderes legais e constitucionais à minha disposição para resolver esta emergência".
Donald Trump insistiu nas vantagens da construção de um muro, cuja falta de financiamento originou o shutdown. De acordo com o Presidente, democratas e republicanos terão, como interesse maior, o descongelamento do Governo e a união do povo americano. "Depois de 36 dias de diálogo, ouvi vários representantes democratas e republicanos e tenho a certeza de que colocarão as lutas partidárias de lado. Também me disseram que defendem totalmente a defesa da nossa fronteira e que a construção de uma barreira, ou muro, será uma parte muito importante da solução", declarou Trump na Casa Branca. No entanto, e segundo o Washington Post, o acordo não incluirá verbas para a construção do muro na fronteira com o México, a principal exigência de Trump neste prolongado braço-de-ferro com a oposição democrata.
Donald Trump agradeceu ainda às centenas de milhares de funcionários públicos que, durante 36 dias, trabalharam sem receber qualquer compensação financeira, garantindo que receberão o dinheiro devido "o mais rapidamente possível". "Quero agradecer aos funcionários federais: vocês são pessoas fantásticas, patriotas incríveis", concluiu o Presidente americano.
Atrasos nos aeroportos
Entre os vários sectores atingidos pela paralisação de mais um mês esteve a gestão do tráfego aéreo. Ainda esta sexta-feira registavam-se atrasos prolongados nos principais aeroportos do Nordeste dos EUA, devido à escassez de controladores aéreos ao serviço. De acordo com a Administração Federal da Aviação (FAA, na sigla inglesa), é o shutdown que está na origem do problema, com os centros de controlo aéreo de Washington e de Jacksonville (Florida) a serem particularmente afectados pela falta de pessoal.
No aeroporto de La Guardia, em Nova Iorque, as aterragens foram temporariamente suspensas devido ao elevado número de aviões que aguardavam autorização para descolar.
“O Presidente já foi informado e estamos a seguir atentamente os atrasos em alguns aeroportos. Mantemos contacto regular com os directores do Departamento de Transportes e da FAA”, confirmou durante o dia Sarah Huckabee Sanders, secretária de imprensa da Casa Branca.
Nas redes sociais, vários líderes democratas aproveitaram a situação dos atrasos para criticar Donald Trump pela paralisação governamental.
“O #TrumpShutdown já levou centenas de milhares de americanos ao limite. Agora também está a levar o nosso espaço aéreo ao limite. Donald Trump, pare de comprometer a segurança e bem-estar da nossa nação. Reabra o Governo agora!”, escreveu no Twitter Nancy Pelosi, líder dos democratas na Câmara dos Representantes, que “obrigou” Trump, no início da semana, a adiar o discurso do Estado da União.
O presidente da câmara de Nova Iorque, Bill de Blasio, garantiu que não está surpreendido com os atrasos no La Guardia, um dos principais aeroportos do Estado que preside: “Gostaria de dizer que estava chocado, mas este é o custo de um shutdown. Que realidade trágica. É horrendo”.