Há uma nova caravana a caminho dos EUA formada em El Salvador

O grupo é mais pequeno do que aquele que partiu das Honduras dias antes. Trump continua a usar as viagens destes grupos para justificar a construção de um muro na fronteira.

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Parte do grupo de salvadorenhos, já na Guatemala Jose Cabezas/Reuters

Um grupo de pelo menos 150 pessoas partiu de El Salvador esta quarta-feira, na última de uma série de "caravanas" de gente que quer tentar alcançar os Estados Unidos e que o Presidente Donald Trump tem usado como justificação para insistir na construção de um muro ao longo da fronteira com o México.

Organizado através das redes sociais, o grupo já caminha para Norte, seguindo o percurso de uma das caravanas de maior dimensão até agora ter partido das Honduras esta semana.

Na manhã de quarta-feira foram a 900 a 1000 hondurenhos que se reuniram na fronteira do país com a Guatemala, confirma o chefe da polícia local, Jorge Rodriguez. Várias centenas já entraram na Guatemala na terça-feira, segundo activistas que os acompanham.

As caravanas vindas da América Central inflamaram o debate sobre a política de imigração dos EUA, com Trump a apontar o dedo a estas pessoas para tentar ganhar apoio para o seu plano de protecção de fronteiras. Na verdade, uma sondagem do Pew Research Center, divulgada na quarta-feira, indica que 58% dos americanos está contra o muro, com 40% a apoiar a sua construção.

O shutdown – encerramento de agências públicas norte-americanas –, provocado precisamente pela questão do muro, com o Partido Democrata, em maioria na Câmara dos Representantes, a recusar incluir no orçamento 5,7 mil milhões de dólares (quase 5 mil milhões de euros) para a sua construção, e Trump a recusar assinar qualquer orçamento que não inclua essas verbas, chegou esta quinta-feira ao seu dia 27, sendo já o mais longo de sempre nos EUA.

Em El Salvador, José Sorto, de 30 anos, diz que foi a violência que o levou a deixar a sua casa. Conta ter sido atacado há três anos pelo gangue Barrio 18, uma das mais perigosas organizações armadas do país.

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Jose Cabezas/Reuters

"Juntei-me à caravana porque aqui não se consegue viver em paz. Tenho que fugir e esconder-me todos os dias ", descreve Sorto, que está desempregado e mora na cidade de Ilobasco, uns 56 quilómetros a nordeste da capital.

"Viver em paz e trabalhar para comprar uma casa para a minha mãe" é o que Sorto espera alcançar nos Estados Unidos.

Com mochilas e garrafas de água nas mãos, os salvadorenhos que andavam pelas ruas acabaram por ser escoltados pelas autoridades de imigração e pela polícia.

El Salvador vive há anos a braços com uma vaga de crime e violência. Em 2018, a taxa de homicídios no país foi de 50,3 por 100.000 habitantes, uma das mais elevadas do mundo segundo as Nações Unidas.

O Governo de Salvador estima que cerca de 2700 pessoas tenham deixado o país, organizadas em meia dúzia de caravanas, ao longo do ano passado. De acordo com dados do executivo, destas, 600 pessoas regressaram e três morreram no caminho.

Tradução de Raquel Grilo