Artesanato
Narizes grandes, personalidades enormes: são assim os animais de tecido de Elsa
Têm grandes narizes e personalidades ainda maiores. São raposas, lobos, macacos, gatos, cegonhas e outras personagens que estamos habituados a ver nos contos de criança — e que, graças a Elsa Boucinha, arquitecta de 37 anos, podem agora ser tocados (e abraçados). “Cada um é um ser único e individual, sem vergonha de ser diferente”, orgulha-se a criadora da marca, que descobriu o talento para a costura há dois anos, quando foi mãe.
“Estava em licença de maternidade e comecei a experimentar diferentes coisas. Passei pela ilustração, aguarela, entre outras coisas, mas acabei por cair na costura”, conta Elsa Boucinha, em entrevista ao P3. A sua casa começou, assim, a encher-se de tecidos, esboços e linhas — mas faltava uma narrativa. “Queria que cada um tivesse a sua história e a sua personalidade, por isso comecei à procura de histórias para contar e cheguei às Fábulas de La Fontaine, que são um pouco irónicas e não tão infantis, e achei que podia dar uma interpretação engraçada”, refere a arquitecta.
Antes de nascer, Felicia the Fox, Larry the Lamb ou Morty the Mouse — algumas das personagens da colecção — foram, tal como os outros, desenhados. Desenhos estes que, desde há duas semanas, podem também ser comprados. O que salta à vista são os narizes, porque “a um grande nariz está associada uma grande personalidade”. E é isso que Elsa Boucinha quer: bonecos com individualidade e personalidade.
Foi em Setembro último, depois de familiares e amigos a convencerem que os bonecos “tinham qualquer coisa”, que a arquitecta decidiu criar a Mauvais Marie, uma marca para comercializar os animais de tecido que, além de personalidade, têm preocupações. “Os tecidos são todos de algodão certificado, sem substâncias tóxicas”, para que as crianças possam abraçá-los sem limites. Além disso, são confeccionados manualmente “com materiais locais”, refere Elsa.
Com um preço médio de 45 euros, os bonecos podem ser encontrados no site da Mauvais Marie, na Fábrica Features e na loja Quer, ambas em Lisboa, e também na Chandál, em Barcelona — cidade com a qual a criadora da marca tem ligação, depois de ter lá vivido durante seis anos.
Recentemente, Elsa Boucinha juntou-se ao colectivo Portugal Manual, uma rede de artesãos contemporâneos que procuram levar o artesanato português pelo mundo fora. “Identifico-me com os princípios de proximidade, de design português, do facto de cada coisa ser feita de uma forma pensada, em vez de massificada”, afirma a arquitecta. Por isso, quando “um grupo de artesãos que já admirava” a convidou para se juntar ao colectivo, não hesitou — e levou consigo os amigos narigudos.