Compra de carros cresceu 2,6% em 2018
Mercado dos ligeiros de passageiros foi o que mais subiu, incluindo os segmentos de luxo. Renault continua líder, Volkswagen com a maior quebra.
O número de novos veículos em Portugal subiu 2,6% em 2018, face a 2017. Os ligeiros de passageiros foram os que mais contribuíram para este resultado (mais 2,8% do que o ano anterior), seguidos dos ligeiros de mercadorias (mais 2%). Nos veículos pesados, 2018 registou uma queda de 2%. Contas finais, foram matriculados 273.213 novos veículos em Portugal, dos quais 83,5% são ligeiros de passageiros – o que inclui veículos todo-o-terreno e monovolumes. É o sexto ano a crescer, mas em clara desaceleração. E para 2019, a indústria estima que se irá manter uma desaceleração ou até mesmo entrar em quebra.
Por marcas, a Renault continua a ser líder na tabela dos mais vendidos no mercado de ligeiros de passageiros. Vendeu 31.215 unidades em 2018, mais 3,7%, resultado que lhe permitiu também aumentar ligeiramente a quota de mercado (de 13,56% para 13,67%). Em segundo lugar ficou a Peugeot, com 22.980 ligeiros (mais 8,9%), seguida da Mercedes, que comercializou 16.464 unidades (mais 1,2%).
A Nissan surge este ano em quarto lugar, com 15.073 carros vendidos, mais 16,2% face ao ano passado, destronando no quarto lugar a BMW, que perdeu 5% em vendas e se viu também ultrapassada pela Fiat em 2018. A marca italiana comercializou 13.888 unidades, um crescimento de 15,5% face a 2017.
Com a marca da Baviera em sexto, segue-se a Citroën (12.813 carros, mais 18%), a Opel (desceu 3,7%, para 12.701), a Volkswagen e a Toyota (10.042, mais 17,7%). O destaque negativo no topo da tabela vai mesmo para o grupo Volkswagen, que perdeu 24,7% das vendas (menos 4000 viaturas ligeiras) no mercado nacional. O fabricante germânico sediado em Wolfsburgo, que detém a maior unidade de produção automóvel em Portugal, caiu num ano do terceiro lugar para o nono.
O crescimento de 2,6% é o mais baixo desde a quebra registada em 2012 e representa uma desaceleração no mercado português que, em 2017, tinha crescido 7,7% face a 2016.
Mais vendas nos segmentos de luxo
Nas marcas de luxo, as compras subiram em 2018 face ao ano precedente: mais 18% (de 311 para 367 unidades). A venda de Lamborghinis em 2018 cresceu 75% (de quatro unidades para sete), a Aston Martin registou uma descida (de 16 para dez), venderam-se 14 Alpine (zero em 2017), 17 Bentleys (dez em 2017), 23 Ferraris (20 em 2017), 36 Maseratis (52 em 2017) e 260 Porsches (207 em 2017).
Os números são da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), que divulgou nesta quarta-feira os dados provisórios das vendas de Dezembro de 2018 e para o total do ano. E o que se verifica é que a compra de carros em Dezembro "confirmou a tendência de queda iniciada em Setembro". Face ao período homólogo, os 16.157 carros matriculados em Dezembro de 2018 representam uma descida de 5,3%.
"Já esperávamos uma consolidação do mercado, um crescimento menos acelerado, e vendas mais ou menos em linha com as de 2017, por causa da entrada em vigor do ciclo de emissões WLTP, que vai ter forte impacto na fiscalidade automóvel", comenta Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP. O mesmo responsável admite que este facto vai levar o mercado a manter uma tendência de desaceleração em 2019, "eventualmente até com uma ligeira queda".
A norma WLTP entrou em vigor a 1 de Setembro e, por isso, houve vendas que foram antecipadas, o que ajudará também a explicar por que razão as vendas em comparação homóloga seguem em queda desde esse mês, destaca o mesmo responsável. A sigla WLTP traduz-se por Worldwide harmonized Light vehicles Test Procedure – uma nova norma de medição de emissões, que se baseia em dados de condições reais de condução, o que eleva o montante de emissões dos carros.
O governo português previu uma "taxa de desconto" no Orçamento do Estado para 2019. Introduziu uma norma transitória de modo a evitar um brutal acréscimo na componente ambiental da fiscalidade automóvel. Mesmo assim, há motorizações cujos impostos aumentam muito acima da actualização pela taxa de inflação. A regra é que os carros mais poluidores vão ser mais castigados nos impostos (ISV e IUC).