Billy, o fã de Meryl Streep que fala com pessoas na rua
Billy on the Street, o programa cómico em que Billy Eichner interpela pessoas na rua, voltou este ano para uma época de oito curtos episódios.
"Podemos separar a arte do artista?" Esta questão é colocada recorrentemente, mas é raro ser resolvida literalmente. Era essa a ideia da pista de obstáculos que a produção de Billy on the Street montou num parque em Nova Iorque, para Robin Lord Taylor, que faz de Pinguim em Gotham, retirar DVDs de dentro de bonecos que representavam artistas, digamos, “problemáticos” num episódio do início de 2017, ainda antes da era #MeToo.
Tudo isto acompanhado pelo apresentador do programa, o seu melhor amigo Billy Eichner, que é uma máquina incessante de energia, conhecimento sobre cultura pop, exasperação à volta dos mais irrelevantes detalhes e, acima de tudo, piada. Taylor tirou, por exemplo, uma cópia de Cosby Show de dentro de uma das célebres camisolas coloridas que o entretanto condenado por abuso sexual Bill Cosby envergava nessa sitcom dos anos 1980, ou o DVD de O Que As Mulheres Querem, a comédia romântica de Nancy Meyers, da mão crucificada de Mel Gibson.
Billy on the Street, que durou cinco temporadas na televisão de 2011 a 2017, sem nunca ter chegado a Portugal a não ser via YouTube, e voltou este ano para uma temporada de oito curtos episódios mensais, não era só isto. Por exemplo, o cerne do programa era, e continua a ser, Billy Eichner, o nova-iorquino que por causa deste programa passou de cómico obscuro a actor em Parks and Recreation ou American Horror Story, na sua própria sitcom Difficult People, e será, ao lado de Seth Rogen, o Timon do vindouro remake fotorrealista de Rei Leão, a correr pelas ruas da sua cidade natal a interpelar pessoas. Sempre hilariante e inventivo, tentava dar, entre outras, resposta a perguntas como “Será que as pessoas gay querem saber de John Oliver?”, confrontando-as com o próprio, emboscar e forçar, ao lado de Amy Poehler, transeuntes a cantarem canções natalícias, ou apenas demonstrar o seu infinito amor por Meryl Streep.
Nos três episódios desta nova temporada que vai a meio, Billy perguntou aos nova-iorquinos, acompanhado por Emma Stone, quando é que achavam que a actriz iria criar a sua conta de Instagram. E tentou encontrar, acompanhado por Tiffany Haddish — que, tal como Billy, é uma fonte inesgotável de energia cómica — uma terceira bruxa para um pretenso remake “mais inclusivo” que iam encabeçar de Três Bruxas Loucas, o filme com Bette Midler do início dos anos 1990. Tentou ainda perceber, com a ajuda do sempre positivo Lin-Manuel Miranda, alguém que passa a vida a tentar inspirar pessoas, se aqueles com quem se cruza na rua são felizes.
Os resultados, que têm a missão explícita de contrariar o momento de ansiedade e indignação que os Estados Unidos atravessam, continuam a ser maravilhosos, seja pelas reacções das pessoas ou pelas tiradas memoráveis do apresentador, que se mantém igual. Ainda é a pessoa que, enquanto Lin-Manuel Miranda explica a uma fã aquilo em que consiste a sequela de Mary Poppins da qual é uma das estrelas, interrompe tudo para gritar e resumir o apelo do filme, antes de se ir embora irritado, "Tem a Meryl Streep!"