Nós somos o que fazemos
Hoje, Portugal acolhe um importante encontro dos países da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura que trabalharão a viabilidade e possíveis contornos de uma agenda ibero-americana centrada na cooperação educativa em torno do desenvolvimento das competências e das qualificações que este século XXI em que vivemos nos exige.
Este encontro ocorre no exato momento em que o seu Escritório em Portugal comemora o seu primeiro ano de atividade, exprimindo a enorme confiança de Portugal em ser, cada vez mais, parte inteira, de corpo e alma, do espaço Ibero-americano que se dedica ao conhecimento e cultura.
Entre nós, os 23 Estados Membros desta organização partilhamos um dever com todas as nações unidas. O dever de nos assumirmos, somando as nossas diferenças e nunca as subtraindo, como um posto tão avançado quanto nos for possível de realização do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4, justamente aquele que nos exige que garantamos uma Educação de Qualidade para todos, em que ninguém, mas mesmo ninguém, fique para trás.
Não se trata só de um direito inalienável, porque fundamental. É, também, o maior garante da paz perpétua que, desde o iluminismo, perseguimos como ideia e tardamos a conseguir realizar como prática.
Ora, este objetivo das Nações Unidas para todo o globo é inalcançável sem que a qualidade e a equidade das aprendizagens ao longo da vida seja o alfa e ómega da Educação a que os nossos concidadãos têm real direito. Esta exigência - não de mera sobrevivência, mas de efetivo sucesso – coloca o foco não meramente no acesso universal à Educação, mas bem além deste: na aquisição e no desenvolvimento de competências relevantes e concretas, que incluem naturalmente as línguas e as matemáticas, mas que, longe de nelas se esgotarem, alcancem também aquilo sem o qual o mundo será impossível, intolerável e ininteligível: a sustentabilidade, a igualdade, a tolerância, a inclusão, a diversidade, a paz e a renegação da violência enquadrados pela Educação para a Cidadania e para o Desenvolvimento.
2030 é já depois de amanhã.
Em cada dia até lá, cumpre-nos ter presente a sábia síntese que o Padre António Vieira fez do poder que cada um de nós tem e que, a 23, e ainda convocando a cooperação da UE, a UNESCO e da CPLP, mais do que adicionar, multiplicamos:
“Nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos nos dias em que fazemos. Nos dias em que não fazemos apenas duramos.”
O dia de hoje prova-nos como nos é urgente existirmos e como só, juntos, podemos existir, porque só juntos podemos fazer o que não pode mais ser adiado.