Harmonizar com bolhinhas
Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque, espumante é espumante e champanhe é champanhe. Neste livro, o crítico João Paulo Martins concentra-se nos dois últimos para nos guiar nas melhores escolhas para diferentes pratos e momentos da refeição – e fá-lo com a ajuda de receitas do chef Vítor Sobral.
No que diz respeito ao champanhe, elege apenas o proveniente da região francesa de Champagne. Quanto à produção nacional de espumantes, nota que todo o país é produtor, mas as regiões principais continuam a ser Távora-Varosa, “onde a qualidade produzida é bem elevada”, e Bairrada, “bem mais diversificada e disseminada por muitos produtores”.
A lógica do livro é a divisão quer de espumantes quer de champanhes não por regiões mas por momentos de consumo: a solo, com aperitivos, mariscos, peixe cru ou peixes nobres, peixe pouco temperado ou pratos de bacalhau, carnes mais ou menos intensas, queijos e sobremesas.
As receitas de Sobral deixam algumas pistas, que vão dos rissóis de lagosta ao gelado de queijo da serra com compota de tomate, passando pelo incontornável bacalhau de Natal. A.P.C.
Histórias do vinho com humor e saber
Também do crítico de vinhos João Paulo Martins, mas desta vez um livro de crónicas. Seleccionadas a partir dos muitos textos que publicou ao longo dos anos em diferentes jornais e revistas, estas crónicas são sempre deliciosas e fazem-nos entrar no universo dos vinhos por muitas vias diferentes.
Não é importante o que sabemos ou não sabemos sobre o tema, em cada um destes textos aprende-se sempre qualquer coisa, e não apenas sobre vinho.
Alguns são de Humor e Afecto, como o muito divertido Gourmets de ontem e de hoje, outros são mais históricos (agrupados no capítulo A Terra e os Produtores), outros ainda entram pelas inevitáveis Controvérsias, Provocações e Outras Questões (mas nem aqui o bom humor desaparece como testemunha, por exemplo, a crónica Afinal não sou moderno…).
Há ainda um capítulo sobre As Provas e as Críticas, Pois Claro (com bons conselhos como o de não levar as regras demasiado a sério e evitar andar com um termómetro na mão para ver se a temperatura do vinho é a certa) e, por fim, Várias Histórias e Muitos Lugares, que inclui um texto sobre um jantar com Mário Soares que começa assim: “Ó sôtor, explique-me lá a diferença entre um vintage e um tawny? Esta foi a pergunta que me dirigiu, já o jantar ia longo e a hora ia tardia.” A não perder. A.P.C.
Jamie regressa a Itália
Que Jamie Oliver é um apaixonado por Itália já sabemos há muito. Em 2005 editou um primeiro livro sobre as suas viagens pelas regiões italianas e agora regressa a essa cozinha e volta a aprender com as nonnas, deixando-se encantar pelos “famosos gnocchi de batata” da Nonna Teresa, no Campo de’Fiori, em Roma, ou pela lasanha “absolutamente épica” da Nonna Titta, da ilha de Prócida, perto de Nápoles, entre várias outras (receitas incluídas no livro).
Há antipasti, saladas, sopas, massas, arroz e dumplings, carne, peixe, acompanhamentos, pão e afins, sobremesas (com sanduíches de gelado ao estilo siciliano e cannoli de chocolate, entre outras) e ainda, no final, um capítulo dedicado às bases, onde se pode aprender a fazer “a irresistível polenta”, massa fresca, “o herói dos molhos de tomate” ou a preparar alcachofras. A.P.C.
Do legado de uma família conta-se a história do Alentejo Vinhateiro
Duas talhas centenárias, herdadas por Carlos e Luís Serrano Mira, constituíram o ponto de partida para o livro A História da Vinha e do Vinho no Alentejo – Legado de uma família a produzir desde 1667. São prova de que a família dos proprietários da Herdade das Servas, criada pelos dois irmãos em 1998, está ligada à produção vitivinícola há pelo menos 350 anos, atravessando 13 gerações.
Partindo de um “levantamento histórico exaustivo”, o investigador e historiador José Calado documenta o percurso vitivinícola da família Serrano Mira até aos dias de hoje, propondo-se, através dela, contar a história de um Alentejo Vinhateiro.
O objectivo, lê-se no prefácio assinado por Luís Serrano Mira, é “contribuir para a valorização do Alentejo como região produtora” de vinho, através de “uma reflexão, documentada e cronológica, de vários acontecimentos que marcaram a história da vinha e do vinho neste território”. M.G.
Viajar não é difícil
"Viajar não é difícil" e "pode ser bem mais económico do que parece". Este é o mote do título do livro Próximo Destino, quase um guia de viagens vividas por Carla Mota e Rui Pinto. "Basta preparar bem a viagem, seguir algumas regras simples, marcar os alojamentos com alguma antecedência, ter alguma flexibilidade para os voos e lançar-se em roteiros ambiciosos", escreve o casal que viaja junto há cerca de 12 anos e que deixa o seu diário de bordo no blogue Viajar Entre Viagens.
Carla e Rui lembram que todos os destinos "podem ser low-cost". Em troca, só se pede aos viajantes "pequenos sacrifícios, pequenos nadas" que resultam em grandes viagens como Andes, Índia, Indochina, Irão, Itália, Japão, Jordânia, Namíbia, Noroeste dos EUA e Patagónia.
O livro, em formato guia, apresenta o preço aproximado por pessoa (sem voos), o número de dias necessário e o valor por dia, assim como dicas de logística (vistos, segurança, dinheiro, clima, etc) e um roteiro (inclui transportes, alojamento e alimentação) muito simples que deixa espaço à exploração e às vontades de cada viajante. São "destinos de viagem para onde, com alguns truques, pode viajar com um orçamento reduzido."
Os capítulos incluem a experiência do casal no terreno: o alojamento de qualidade média (em quarto duplo), as refeições em restaurante locais, as deslocações internas e as actividades e visitas obrigatórias.
Para além das dez Grandes Viagens, "Próximo Destino" sugere seis Percursos na Natureza, sete Escapadinhas Culturais e sete destinos de Praia. L.O.C.
Receitas vegetarianas (mas pode juntar carne ou peixe)
Quando não está a escrever livros, Jo Pratt, que vive em Londres com o seu marido Phil ("o homem mais bem alimentado de Londres") e os filhos Olly e Rosa (os seus "críticos mais ferozes"), está a cozinhar ou a apresentar receitas online, na televisão ou em revistas da especialidade.
A autora de Vegetariano em Part-Time habituou-nos a uma escrita amigável e caseira, oferecendo dicas e ideias para colocar em prática na cozinha. O resultado dos seus últimos livros são receitas de que todos podem desfrutar — seja qual for a nossa capacidade e a ocasião.
O seu mais recente trabalho fala-nos dos flexitarianos, como que vegetarianos em part-time que, não tendo eliminado por completo a carne e o peixe e os produtos de origem animal das suas dietas, os consomem cada vez menos e começam a descobrir, deliciados, o fantástico mundo da alimentação vegetariana.
A cozinha vegetariana "é extraordinariamente flexível e inclusiva" — e este livro demonstra-o, com mais de 80 receitas. Cada receita é de base vegetariana, e contém indicações sobre como acrescentar, caso o deseje, carne ou peixe. L.O.C.