Deputada do PSD Maria das Mercês Borges demite-se dos cargos que ocupava no grupo parlamentar

Deputada está implicada num falso registo do deputado Feliciano Barreiras Duarte numa votação.

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Rui Gaudêncio

A deputada do PSD Maria das Mercês Borges pediu nesta quinta-feira a demissão de todos os cargos em que representava o grupo parlamentar, depois de notícias que a implicam num falso registo do deputado Feliciano Barreiras Duarte numa votação.

De acordo com uma nota de imprensa da bancada social-democrata, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, já aceitou este pedido de demissão.

"Perante as últimas notícias vindas a publico, a deputada do PSD Maria das Mercês Borges pediu a demissão de todos os cargos em que representava o grupo parlamentar ao presidente do grupo parlamentar Fernando Negrão", refere a nota.

A deputada Maria das Mercês Borges era presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Electricidade e coordenadora da bancada do PSD na Comissão do Trabalho.

Segundo a nota, Fernando Negrão aceitou este pedido de demissão e designou para novo presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Electricidade o deputado e vice-presidente da direcção do grupo parlamentar Emídio Guerreiro.

Questionada pelo Observador na quarta-feira sobre se tinha votado por Barreiras Duarte, a deputada admitiu que, “se o computador estava ligado” ao seu lado, podia “ter carregado no botão porque a ideia que tinha era que ele ia voltar. Não foi com nenhum instinto de maldade, não foi por vigarice“. A deputada acrescentou: “Que atire a primeira pedra quem não sabe que isto acontece”. Mercês Borges justificou ainda que tem “muito respeito e consideração” por Feliciano, mas garantiu que não tem uma relação pessoal ou de confiança com o colega.

Na quarta-feira, a conferência de líderes teve uma reunião extraordinária convocada pelo presidente da Assembleia da República (PAR) para discutir precisamente situações de registos falsos de presenças ou votações no plenário, bem como despesas e reembolso de viagens aos deputados.

Nessa reunião, Ferro Rodrigues defendeu que o PAR "não é, nem pode ser, o polícia dos deputados, sempre os defendeu, mas quando alguns (poucos) põem em causa o prestígio do parlamento, estão a pôr em causa o prestígio da democracia representativa".

"Parece inquestionável a existência de irregularidades, havendo registo de presenças falsas, com a necessidade de responsabilização dos deputados em questão no que se refere ao registo das suas presenças e dos Grupos Parlamentares a que pertencem", disse ainda, considerando que "afigura-se indispensável distinguir a simples ligação do computador do registo das presenças".