O Exodus vai abrir as portas do mundo a Aveiro

Mais de 700 pessoas vão participar na segunda edição do National Geographic Exodus Aveiro Fest, que decorre no Centro de Congressos da Cidade este sábado e domingo.

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Montanhas Pamir, Afeganistão Mathieu Paley
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Mathieu Palley
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Santuário dos Elefantes, Índia Jody MacDonald
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Jody MacDonald
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Dança masculina da tribo Woodabe, Níger Timothy Allen
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Migração de Inverno, Península de Yamal, Sibéria Timothy Allen
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Projecto "Rething& Recycle" Benjamim Von Wong
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Projecto "Fast Fashion" Benjamim Von Wong
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Eduardo Leal
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Jennifer Adler
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Jennifer Adler
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Keith Ladzinski
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Keith Ladzinski
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Mike Libecki
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Rob Withworth
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Yann-Arthus Bertrand
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Yann-Arthus Bertrand
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Yann-Arthus Bertrand
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Yann-Arthus Bertrand
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William Albert Allard

Abrir as portas ao mundo. Resumidamente, e com uma frase tão simples quanto ambiciosa, a organização do National Geographic Exodus Aveiro Fest propõe-se a trazer a Aveiro, pelo segundo ano consecutivo, profissionais de relevo na área da fotografia e do vídeo que se tenham notabilizado nas temáticas de viagem e aventura. Tal como no ano passado, trará dez oradores para partilhar as suas histórias, as suas experiências e as suas técnicas para, mais do que formar (embora essa componente seja muito importante, e vai haver masterclasses para isso) possam sobretudo “inspirar”, impelir toda a gente a ser curiosa, criativa, sonhadora, dinâmica.  E se o mundo é amplo, vasto, complexo e, às vezes, até assustador, é também um mundo onde é possível fazer a diferença, onde se pode sonhar que é possível mover montanhas, um grão de terra de cada vez.

Quando sonhou este festival, Bernardo Conde começou a mover essas areias. Agora, um ano depois, e em vésperas da segunda edição, já se começa a formar uma pequena grande montanha, somando sonhos, projectos e ambições de presenças confirmadas que chegam um pouco de todo o mundo – a organização disse à Fugas que há bilhetes vendidos para participantes de vários países, e até continentes.

Tal como na primeira edição, o painel principal dos dez oradores que vão fazer o Exodus deste ano é bastante diversificado dentro das próprias áreas da fotografia e do vídeo. Mas também do ponto de vista etário, para confirmar que a idade inscrita no passaporte tem relevância reduzida. Em termos de idades, o espectro começa em William Albert Allard, um veterano com mais de 50 anos de experiência enquanto fotógrafo da National Geographic, que fará uma masterclass sobre os segredos da iluminação, e termina com Lilliana Libecki, de 14 anos, que vai acompanhar o pai, Mike Libecki, numa sessão onde propõem uma nova abordagem na forma como se deve educar os mais novos e como com crianças também se fazem grande viagens de exploração e aventura (eles, por exemplo, subiram ao Kilimanjaro juntos).

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Mike e Lilliana Libecki vêm a Aveiro contar a sua experiências de viagens em família

Mas é diversificado também nos temas e nas técnicas, tendo como denominador comum o facto de cada um deles ter muitas histórias para contar – e surpreender. Por exemplo, o engenheiro de minas Benjamim Von Wong, que desistiu da profissão para ser um artivist, um activista que usa a arte da fotografia como ferramenta para chamar a atenção dos problemas do mundo.

O objectivo é, mais do que mostrar as portas do mundo aos 700 presentes, que, tal como no ano passado, vão preencher todas as cadeiras de Centro de Congressos de Aveiro, é pôr toda a gente a reflectir, a conversar, a partilhar. Porque “exodus” significa movimento, e este Aveiro Fest está paulatinamente a transformar-se numa comunidade que preconiza o movimento global da criatividade, mas em prol de um planeta sustentável e com futuro.

Poderá parecer cedo para estar a afirmá-lo, já que, afinal, a edição que decorre no primeiro fim-de-semana de Dezembro é apenas a segunda. Mas bastará sentir o pulso aos que estiveram o ano passado (e se apressaram a comprar bilhetes para este ano) ou então ler os relatos dos oradores que, em 2017, foram as estrelas maiores deste festival, para perceber que em Aveiro se criou um momento muito especial. Que este ano todos querem ver repetido.

O festival é feito de vários momentos e vários níveis, sempre de partilha. As speaking sessions, para um público mais generalista (sim, não é preciso ser fotógrafo, videógrafo nem aspirante de nenhuma destas disciplinas para aproveitar estas sessões), vão contar com vários nomes nomes de peso nas várias áreas do cinema e da fotografia. A começar por Celine Cousteau, realizadora de documentários e co-fundadora da Céline Cousteau Film Fellowship, um programa sem fins lucrativos cuja missão é capacitar os jovens aspirantes a cineastas, criativos e activistas a inspirar mudanças através do cinema.

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Céline Cousteau

Criativos e activistas também poderia ser epíteto a atribuir a outros oradores que vão passar pelo palco do festival. Como Jennifer Adler, mergulhadora  e fotógrafa de conservação ambiental, e que dedica o seu trabalho à exploração e conservação do meio aquático; ou como Jody MacDonald , que na última década foi fotógrafa residente numa expedição global de kiteboarding, surf e parapente aos locais mais remotos do mundo); ou ainda como Keith Ladzinski, realizador e fotógrafo, que trabalha em lugares remotos para retratar a beleza natural do planeta e desportos radicais; ou Eduardo Leal, um fotógrafo português especializado em documentários focados na América Latina e Caraíbas; ou, ainda, Rob Withworth, que se notabilizou na técnica de time-lapse.

E depois vão passar pelo palco do Exodus fotógrafos e realizadores que abraçaram projectos épicos, como Mathieu Paley, que ganhou prémios por causa dos seus projectos em povoações isoladas e pelas escaladas nas montanhas mais altas do mundo e que nos últimos quatro meses andou a viajar de autocaravana em Portugal com os dois filhos. Ou ainda Timothy Allen, o fotógrafo dos megaprojectos, um dos quais a série da BBC Human Planet, que andou pelos cinco continentes a documentar as várias formas de humanidade e sobrevivência. E por falar em projectos épicos, bastará referir que o autor homenageado do ano será Yann Arthus-Bertrand, que assinou o documentário Human.

Tudo isso se passará no palco, e é fácil adivinhar comunicações inspiradoras. Mais difícil é antecipar o que se passará nos corredores, nas conversas informais à volta de um copo ou de um puff, escadas acima e abaixo ou junto das imagens que estarão em exposição. Foi esse ambiente “íntimo, autêntico, inspirador”, como reparou Ami Vitale, fotógrafa na National Geographic, uma das oradoras do ano passado. Michael Clark, que já foi palestrante “em vários grandes festivais de fotografia”, diz que o Exodus foi um dos festivais “mais divertidos, bem pensados e bem executados” em que já participou. E, dizendo ter sido “uma experiencia incrível e até mesmo emocional”, atreve-se a antecipar que o Exodus vai rapidamente tornar-se num dos principais festivais de fotografia do mundo, como o Visa pour L’image, o Look3 ou o Photoville. Mário Cruz, vencedor de um World Press Photo com o trabalho sobre os talibés no Norte de África e orador na primeira edição, diz que foi o ambiente de proximidade criado entre a organização, os oradores e o público o principal responsável pelo facto de o festival ter superado as suas expectativas. “Estou certo que a segunda edição será igualmente bem-sucedida e contará comigo desta vez no lado do público”, diz Mário Cruz. A Fugas, claro, também vai lá estar.

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