O problema é Rui Rio?
O limite do absurdo foi atingido com a última reunião do Grupo Parlamentar do PSD. Eu estive lá. Não houve gritos, nem tumulto. Não houve brasas nem bandalheira. Ponto final.
Desde que Rui Rio foi eleito presidente do PSD, todas as desgraças se abateram sobre o novo líder do partido. Não há dia em que o PSD não tenha estado sujeito a severo escrutínio, carregado de críticas, leituras e interpretações.
O limite do absurdo foi atingido com a última reunião do Grupo Parlamentar. Eu estive lá. Dizer (ignoro a fonte, mas credível não é...) que o clima foi de “tumulto”, com “gritos”, “uma bandalheira", reunião “sobre brasas” é efabular ou reinventar a realidade. Para servir quem?
Somos 89 deputados. Intervieram dez ou 12, com dúvidas ou críticas sobre algumas das (mais de 100...) medidas ou do método de escolha das propostas do PSD para o Orçamento do Estado. O comportamento do líder parlamentar e da direção foi exemplar de disponibilidade para explicar ou enquadrar cada opção, respeitando as intervenções, sem acrimónia ou arrogância.
Não houve gritos, nem tumulto. Não houve brasas nem bandalheira. Um partido democrático funcionou como um partido democrático, sem mordaças nem condicionamentos. Ponto final.
Mas é estranho. Não há mais partidos e mais reuniões partidárias? Tudo sereno?
Só há deputados do PSD com comportamentos alegadamente censuráveis? Em 230 deputados são estes? Só estes? E só agora é que se apurou?
Quase dá vontade de rir. Se Fernando Negrão afrontasse o líder, como Carlos César fez ao primeiro-ministro, se os deputados do PSD impusessem ao líder do partido alterações orçamentais, se Rio prometesse o que Costa promete, sem cumprir (Infarmed, lembram-se?), cairia o Carmo e a Trindade. A atividade parlamentar é, basicamente, uma farsa, em que os partidos da "geringonça" fingem que são oposição, mas votam mansamente o que o Governo determina.
Portugal está coberto de greves e manifestações como nem no tempo da troika. Os serviços públicos estão em colapso e o Estado acumula responsabilidades por algumas das maiores catástrofes que ocorreram nos últimos dois anos. O Governo mente e torna a mentir, mas sempre com um sorriso otimista. O Orçamento é uma fraude, que esconde o défice de 5% do PIB, ignora a desaceleração da economia e foi mal recebido pelos parceiros sociais.
Afinal, que estranhos e poderosos interesses Rui Rio ameaça? Os portugueses começam a perceber que, com Rui Rio, algo vai mudar. Mesmo!
O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico