Europa

Ser voluntário para semear a tolerância na Europa

Yousef Issa está há 18 anos fora do seu país, a Palestina. "Nunca esquecerei o dia em que bati à porta de um país seguro e me disseram: bem-vindo", contou ao PÚBLICO. Vive actualmente em Sevilha, Espanha, onde depois de um ano num centro para refugiados conseguiu refazer a vida. Quando lhe falaram do programa de voluntariado Corpo Europeu de Solidariedade, viu aí uma oportunidade de enriquecer a sua formação e, acima de tudo, espalhar uma mensagem: de que os muçulmanos são gente de paz. "É um filme que fazem sobre nós. Matar pessoas é proibido no Islão".

Está deste Outubro deste ano a trabalhar como voluntário na Associação Quinta Essência, na Abrunheira, Sintra, que desenvolve a sua acção com pessoas com deficiência intelectual. Com Yousef chegaram Carolina Carimov, romena, e Sarai Gutiérrez, espanhola. A Associação recebe voluntários internacionais desde 2011, e nos últimos anos tem trabalhado de perto com a Nuno Chaves, da ProAtlântico, no recrutamento destes voluntários. "Estes jovens nunca serão anti-europeístas", diz Nuno Chaves ao PÚBLICO. "Serão um veículo de disseminação das mais valias de fazer parte da Europa".

Desde que o serviço de voluntariado europeu foi reformulado em 2016, recebendo o nome de Corpo Europeu de Solidariedade e uma duplicação do financiamento, Portugal tem sido dos países mais activos, com mais de 4500 inscritos. Estes três jovens vão ficar um ano em Portugal na Associação Quinta Essência, numa experiência que tem uma vertente profissional - no final recebem o certificado "Youth Pass" que atesta a aprendizagem informal - mas também pessoal. Carolina, que estudou Contabilidade, percebeu que lhe faltava o contacto com pessoas no seu trabalho. Sarai espera que esta experiência a ajuda a encontrar um emprego na sua área de acção social. Yousef diz-nos que se sente, mais do que nunca, cidadão europeu: "Temos uma frase no Islão. Se bebes mais de 40 dias com alguém então tu és deles."