Bas Dost empurra Sporting até ao segundo lugar
Com Marcel Keizer a ver da bancada, os “leões” triunfaram em Alvalade sobre o Desp. Chaves, com dois golos do holandês, e mantiveram-se a dois pontos da liderança.
O melhor que se pode dizer da curta gestão de Tiago Fernandes como treinador principal do Sporting é que manteve o barco estável para Marcel Keizer entrar. Mas a história podia ter sido outra, não fosse um certo holandês e a sua relação íntima com a baliza adversária. Bas Dost tem passado grande parte da época lesionado, mas não se esqueceu de como se marcam golos e neste domingo marcou dois no triunfo “leonino” por 2-1 sobre o Desp. Chaves, um resultado que elevou o Sporting ao segundo lugar do campeonato (ultrapassou o Sp. Braga), a dois pontos do líder FC Porto, e manteve a equipa flaviense no último lugar, e sem ganhar há quase dois meses na Liga.
Foram três jogos em dez dias em que o Sporting de Tiago Fernandes foi competente, duas vitórias no campeonato e um empate sem golos em Londres. É um bom início de currículo ao mais alto nível de um jovem treinador que procurou deixar a sua marca e manter o seu nome para futura consideração de quem manda. Keizer vai pegar num Sporting moralizado pelas três vitórias consecutivas no campeonato (a sua melhor série da temporada), pela competência do seu antecessor (e, quem sabe, adjunto), mas, também, pelo faro de golo do seu compatriota, que subiu o seu registo goleador na Liga portuguesa para 66 golos em 66 jogos.
Se o Sporting tinha do seu lado a pressão de se manter perto da frente, o Desp. Chaves chegava a Alvalade com a necessidade absoluta de pontuar e de tentar fugir ao último lugar. Era uma equipa montada para aguentar e sem grandes ambições ofensivas, entregando a iniciativa ao Sporting, formatado para atacar. E foi isso que se viu desde o início, o Sporting a jogar com uma dinâmica assinalável no meio-campo, para conseguir criar os espaços necessários nas alas e potenciar as qualidades do seu homem de área.
O Sporting passou do domínio territorial ao domínio do marcador aos 21’. Acuña avançou pelo flanco esquerdo, fez o cruzamento e quem lá estava para fazer o golo? Bas Dost, o especialista do jogo aéreo. Era uma vantagem perfeitamente justificada a que os “leões” podiam ter dado seguimento várias vezes, mas falhava sempre alguma coisa no entendimento entre Nani, Jovane ou Bruno Fernandes, a aproximarem-se com perigo, mas sem precisão.
E o Desp. Chaves lá foi resistindo, conseguindo, até, uma situação perigosa, numa jogada em que Bressan surgiu na cara de Renan e conseguiu meter a bola na baliza. Não foi golo porque o brasileiro internacional pela Bielorrússia estava em fora-de-jogo. Mas foi por pouco. A fechar a primeira parte, Marcão falhou em zona proibida, Jovane ficou com a bola e, não fosse o bom posicionamento de Ricardo, o Sporting teria celebrado o segundo golo antes do intervalo.
Não mudou muito a tendência do jogo na segunda parte. O Desp. Chaves tinha a obrigação de ser mais atrevido e tentou fazê-lo, mas sem grande convicção, enquanto o Sporting se foi entregando à gestão da curta vantagem. E tudo parecia ficar mais fácil para os “leões” com a expulsão de Bruno Gallo, aos 70’, após uma entrada impetuosa sobre Acuña — o árbitro Tiago Martins entendeu que era uma falta merecedora de vermelho.
O Desp. Chaves parecia, agora, ter menos armas para lutar pelo resultado, mas um momento de inspiração de Niltinho provou o contrário, aos 81’. De fora da área, o brasileiro arrancou um remate indefensável para Renan, um golo que ficará por certo como um dos melhores de toda a época.
Agora era do Sporting a obrigação de ir em busca da vitória e já não tinha muito tempo para o fazer. Imediatamente após o golo sofrido, os “leões” ganharam um canto, Ricardo segurou e o árbitro marcou penálti. William, que tinha entrado no minuto anterior, agarrou Bas Dost e travou o holandês na luta pela bola aérea. O Desp. Chaves protestou muito, mas Bas Dost não se incomodou nada. Com toda a calma, aos 86’, bateu outra vez Ricardo, a mostrar que o que quer que vá ser o Sporting de Marcel Keizer no futuro, terá de passar por ele.