Há 100 anos como hoje, os Estados Unidos e Portugal estão juntos

No centenário do Dia do Armistício, a nossa Aliança com Portugal é tão relevante hoje como era então.

No dia 4 de Julho de 1917, um submarino alemão bombardeou Ponta Delgada, nos Açores, destruindo edifícios, ferindo quatro civis e matando um. Durante a Primeira Guerra Mundial, tal como hoje, os Açores eram estrategicamente importantes para a segurança do Atlântico. Felizmente, nesse dia encontrava-se na região o navio americano USS Orion. O Orion era um navio de transporte de carvão apenas dotado de armamento ligeiro. Apesar disso, a sua tripulação investiu contra o submarino fazendo com que este se afastasse. Em reconhecimento da bravura demonstrada na defesa de Ponta Delgada, a República Portuguesa homenageou a tripulação do Orion com a Ordem Militar da Torre e Espada.

A 11 de Novembro, mais de 101 anos depois, líderes de todo o mundo vão reunir-se em França para comemorar o Dia do Armistício. Não tendo qualquer dúvida de que a cerimónia em Paris vai ser um tributo grandioso, espero assinalar a ocasião aqui, no rio Tejo, ao receber o porta-aviões americano USS Harry S. Truman e a sua tripulação de mais de 6000 homens e mulheres. Para mim não há melhor forma de celebrar o Dia do Armistício (que nos Estados Unidos é um dia dedicado a todos os veteranos) do que uma celebração a bordo que juntará autoridades oficiais e militares portugueses e americanos na homenagem aos soldados que combateram na Primeira Guerra Mundial e aos que continuam a defender a nossa Aliança Transatlântica.

Embora os perigos que enfrentámos há 100 anos possam ter sido diferentes, no Ocidente continuamos a ter ameaças externas que tentam abalar as nossas democracias e o nosso modo de vida. Isto faz com que a nossa Aliança com Portugal seja tão relevante hoje como era então. E, tal como há 100 anos, os militares americanos e portugueses continuam a servir lado a lado em todo o mundo, da Base das Lajes, nos Açores, a Cabul, no Afeganistão.

No princípio da semana tive a oportunidade de reflectir sobre isto ao ver um contingente de militares americanos, representando as Forças Armadas e o Corpo de Fuzileiros dos Estados Unidos, a desfilar na Avenida da Liberdade com milhares de soldados portugueses e de outros países aliados. Esta parada foi uma demonstração impressionante do profissionalismo dos militares e forças de segurança portugueses. A participação das forças dos Estados Unidos simbolizou o nosso respeito pelos aliados portugueses, tal como a visita do USS Harry S. Truman a Lisboa.

Esta visita assinala não só o centenário do Dia do Armistício, mas também a participação deste navio na operação Trident Juncture 2018, o maior exercício militar da NATO em mais de 30 anos. Portugal, que em 2015 foi um dos anfitriões deste exercício, conhece bem a importância deste tipo de iniciativas para garantir que a nossa Aliança está preparada para enfrentar qualquer ameaça à nossa segurança colectiva vinda de qualquer direcção. Este ano, a tripulação do NRP Corte-Real e membros da base de Lisboa da STRIKFORNATO partiram para a Noruega para se juntarem aos mais de 50.000 participantes da Aliança e de parceiros provenientes de 31 países, numa operação que simulava a resposta da Aliança em caso de ataque a um dos seus membros. Como afirmou o ministro da Defesa norueguês durante este exercício, “a Noruega por si só não tem realisticamente capacidade dissuasora, pelo que fazermos parte da NATO é a base da nossa segurança”.

E isto traz-me de volta à história do Orion. Gosto desta história não apenas porque está associada à natureza histórica da nossa amizade com Portugal. Ela é também uma demonstração de como a força da nossa Aliança assenta nos nossos militares. São a sua coragem e espírito de sacrifício que servem para garantir a nossa segurança comum. Seja a bordo de um gigantesco porta-aviões, actualmente em operações no Afeganistão, ou num navio carvoeiro há 100 anos, os seus actos garantem a segurança e liberdade de americanos e portugueses.

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