North of Little Italy, ou antes NoLita, é a nova morada da Claus Porto. A marca portuguesa abre esta sexta-feira a sua terceira loja própria em dois anos, com um código postal nova-iorquino. Fica imediatamente a este de Soho (South of Houston), o bairro que deu início à moda dos nomes em forma de acrónimo, seguindo-lhe os passos TriBeCa (Triangle Below Canal Street), e Dumbo (Down Under the Manhattan Bridge Overpass), entre outros.
O espaço de 50 metros quadrados ocupa o 230 da Elizabeth Street. A loja é marcada pelo longo arco branco com paredes trabalhadas em formas triangulares e decoradas com as coloridas embalagens dos sabonetes espalhadas de forma uniforme. No centro da loja, o lavatório em mármore de Estremoz "apela ao lado mais sensorial e à experiência de partilha", comenta Maria João Mendes, directora de comunicação da Ach. Brito. A antecâmera, que leva à principal divisão da loja, serve como um pequeno espaço museológico, com fotografias e peças que reflectem a história de 130 anos da marca.
A Tacklebox Architecture, responsável por uma série de outras lojas em Nova Iorque, foi buscar inspiração a elementos portugueses. O espaço tem como pontos de referência a arquitectura do Porto em geral e a estação São Bento em particular. Foi imaginado "como uma espécie de porta de entrada na Claus Porto e em Portugal", descreve a responsável.
Porquê Nova Iorque? "É uma montra para os Estados Unidos. E para o mundo", afirma ao Culto Aquiles de Brito, bisneto do fundador. "Tínhamos de o fazer, para não ficarmos confinados aqui a Portugal", acrescenta.
A marca já tem uma presença sólida nos Estados Unidos, com pontos de venda como os armazéns Neiman Marcus, Nordstrom e o nova-iorquino Bergdorf Goodman. Agora dá mais um passo. O empresário sublinha a importância de ter um espaço onde as pessoas possam interagir, não só com os produtos, mas também com a história da marca. Uma forma de transmitir toda a narrativa Claus Porto, que vai desde a história de fundação da empresa-mãe, Ach. Brito, aos coloridos embrulhos de uma marca que já chegou a ter o seu próprio estúdio litográfico, na década de 1950.
"Para uma marca de nicho pequena como nós é extremamente difícil em grandes departmant stores ter essa visibilidade e essa divulgação", comenta Aquiles de Brito. O investimento na venda directa nos Estados Unidos está nos planos há alguns anos, pelo menos desde a entrada de novos investidores que vieram dar energia à marca, em 2015. É um risco calculado. E um investimento "alto" para a Claus Porto, comenta o empresário de quarta geração. "Se as coisas forem bem sucedidas em Nova Iorque acho que o mundo está aberto", atira.
"Já temos um know how nos últimos dois anos da abertura de comércio de loja, mas é evidente que os mercados são completamente diferentes, as culturas", comenta o empresário. No final de 2016, a Claus Porto abriu uma loja em Lisboa, perto do Largo do Camões, e no Verão de 2017 inaugurou uma loja-museu de três pisos, no centro do Porto.
Nos últimos anos, a marca conquistou o gosto dos portugueses, mas desde a década de 1990 que tem estado virada também para o mercado externo. Pouco depois de Aquiles de Brito ter comprado a maioria do negócio de família (Ach. Brito), em 1994, a empresa estabeleceu uma parceria com o agente fundador da distribuidora americana Lafco, Jon Bresler, que acabou por definir o posicionamento da Claus Porto num segmento superior — primeiro em mercados externos e eventualmente, anos depois, também em Portugal.
A loja em Nolita abre as portas esta sexta-feira. "Para mim em especial é um misto de sentimentos", confessa Aquiles de Brito. "Está aqui parte da história da minha vida, da minha família. É uma emoção e é um orgulho. Já tinha sido um orgulho o facto de abrir duas lojas aqui em Portugal."