Adrián López ao comando de locomotiva imparável
Espanhol não marcava desde 2014 pelo FC Porto, assinando um golo por cada ano em branco. Reduzido a 10 jogadores na segunda parte, Vila Real não encontrou antídoto para um adversário insaciável.
Durou sete minutos a resistência do Vila Real no Monte da Forca, onde nem um tapete demasiado irregular ajudou a travar a locomotiva dirigida por Adrián López, autor de um póquer inédito, depois de ter conseguido o segundo hat-trick da carreira numa primeira parte autoritária do FC Porto, que prossegue sem problemas para a quarta eliminatória da Taça de Portugal (0-6).
Com viagem marcada para Moscovo — para a Liga dos Campeões —, a sugerir uma gestão meticulosa do plantel, Sérgio Conceição aproveitou a “folga” proporcionada pelo facto de defrontar um adversário dos distritais para testar jogadores como Fabiano, João Pedro, Jorge e Bazoer, dando ainda oportunidade a Óliver Torres e Adrián López.
Ao Vila Real cabia a espinhosa missão de tirar o campeão do sério, o que Fabiano evitou com uma palmada providencial, num canto em que Militão se esqueceu de Mika, que aos cinco minutos podia ter cometido a proeza de bater o campeão. Os “dragões” perceberam a ideia e trataram de conter eventuais fugas dos locais, que nos 40 minutos que se seguiram se limitaram a tentar respirar fundo para manterem o discernimento necessário... que Adrián López roubou logo a seguir, num remate colocado que determinou o início de uma goleada natural.
A estatística confirmava a incapacidade sentida pelos transmontanos para ligar uma simples jogada. O meio-campo portista pressionava, com Bazoer a tentar a todo o custo justificar a aposta. O holandês revelava mais vontade do que fluidez, embora a ditadura portista tenha espremido todo o esforço de Bazoer para recuperar grande parte das jogadas que ia convertendo em lances de apuro para a defesa do Vila Real.
Com Adrián inspirado, o FC Porto vincou ainda dentro do primeiro quarto de hora as diferenças abissais entre as duas equipas. Um ressalto em André Pereira após corte de um defesa acabou no pé direito do espanhol, que ainda não imaginava que esta seria uma noite se sonho, com um póquer inesquecível.
A partir daí, o FC Porto teve a preocupação de gerir ritmos e evitar complicações num relvado “minado”. André Pereira ainda sofreu um penálti, na sequência de uma falta de Raul Babo, mas o árbitro ignorou. António Nobre acabou por punir o defesa do Vila Real, no último minuto da primeira parte, expulsando-o por derrube a Bazoer. Do livre nasceu o terceiro golo de Adrián López, que voltou a bater Vítor Murta com um remate colocado.
Reduzido a 10 unidades e a perder por 0-3, o Vila Real regressou para a segunda parte sem quaisquer ilusões. Vítor Murta, com um punhado de defesas, ainda evitou um desfecho mais penalizador, embora já nada pudesse fazer para travar um FC Porto insaciável, com Soares e André Pereira a elevarem os números para patamares incomportáveis.
A vencer por 0-5, Sérgio Conceição refrescava o ataque, lançando Marius e Corona, para poupar Herrera para a Champions. Mas a última substituição estava reservada para Adrián Lópes, que depois de assinar o póquer — na recarga a defesa de Murta a uma primeira tentativa de Soares — saiu sob forte ovação, em particular de todos os companheiros de equipa, que apoiaram o espanhol na hora de pôr fim a um calvário que pode ter ficado em definitivo no Monte da Forca.
Ao Vila Real competia estancar a hemorragia e preservar a honra, apesar da goleada. Patrick do Canto sentia que o adversário não estava disposto a parar por ali, confirmando a tese de que os “suplentes” seriam um problema extra. O lateral João Pedro foi disso exemplo, surgindo associado aos golos após libertar-se de alguns complexos. Mas o FC Porto também não precisava de humilhar um opositor que tentou fazer o melhor, num espírito positivo, pelo que fechou as contas no momento em que Adrián abandonou o relvado.