Pipoca requentada
Não basta ter Tom Hardy e Michelle Williams e uma personagem com potencial, Venom representa o que de menos inspirado existe na linha de montagem dos super-heróis.
É excessivo dizer que a mais recente estreia em nome próprio de um (anti-)super-herói da Marvel é um fiasco. Mas Venom, centrado numa personagem de “segunda linha” que se autonomizou a partir das aventuras do Homem-Aranha, representa o que de menos inspirado pode existir numa linha de montagem. Há ideias com piada, actores com talento, uma personagem com potencial, mas está tudo colado com cuspo numa história formulaica contada de modo despachado-a-ver-se-não-reparamos-nos-buracos.
Já sabemos que os filmes de super-heróis (mesmo que anti-) têm de incluir umas quantas figuras obrigatórias, que estão aqui todas. Há uma destrutiva perseguição automóvel por uma cidade (no caso São Francisco, o que fará os mais cinéfilos evocar com saudade Bullitt, sabendo que a coisa aqui não chega nem aos calcanhares) e um final de fogo-de-artifício todo apoiado nos efeitos visuais (com uma ou outra imagem com qualquer coisa de Boschiano e algumas evocações do seminal T-1000 do Exterminador Implacável 2). Mas Ruben Fleischer, de quem tínhamos gostado muito de Bem-Vindos a Zombieland, fica quietinho na sua caixa sem inventar nada, quando a simples ideia de um repórter de investigação em simbiose com um ser alienígena já chegava para inventar muito. Venom é pipoca requentada da véspera, é só uma maçada feita por comité que desperdiça os talentos de Tom Hardy, Michelle Williams e Riz Ahmed. Venha o próximo, este já se esqueceu.