Comissão de inquérito do CDS tem na mira ministro da Defesa e Exército

Proposta sobre o furto de armas de Tancos visa apurar “actos e omissões” do Governo.

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Miguel Manso

O CDS-PP centra a proposta de uma comissão de inquérito sobre o desaparecimento do material militar de Tancos nos “actos e omissões do Governo” e nas “falhas de segurança”. O texto – a que o PÚBLICO teve acesso – é cuidadoso na argumentação para não correr riscos de ser chumbado pela esquerda.

Demarcando-se quanto ao processo de investigação policial em curso, a proposta da comissão de inquérito tem como “objectivo “identificar e avaliar os factos, os actos e as omissões” do actual Governo “relacionados directa ou indirectamente com o furto de armas em Tancos, no período compreendido entre Junho de 2017 e o presente”. Em causa estão as “responsabilidades políticas daí recorrentes”.

O inquérito visa “apurar quem falhou nas medidas de segurança e porque é que estas falharam”. “As razões da gestão de todo este processo cabe primeiramente ao Exército e ao ministro da tutela desvendar”, sublinha-se ainda.

“Estranheza e perplexidade”

Os centristas assumem “estranheza e perplexidade” com as garantias dadas ao país e aos parceiros da NATO pelo primeiro-ministro António Costa e pelo ministro da Defesa Azeredo Lopes bem como pelo “próprio chefe de Estado-Maior do Exército” de que “todo o material furtado havia sido recuperado.” Em todo o processo, o CDS assinala as “negações, omissões e contradições dos factos praticadas pelo Governo” ao longo do tempo, sem esquecer que o ministro da Defesa admitiu que “no limite”, podia “não ter havido furto nenhum”.

Na proposta é ainda salientado que está “por esclarecer” o comunicado da Polícia Judiciária Militar que dava conta da recuperação do material, tendo em conta que o processo está “sob segredo de justiça”.

Apesar de já se terem realizado dez audições parlamentares a várias entidades – incluindo aos responsáveis pelos serviços de segurança –, o CDS considera que o caso está por esclarecer. “Audição após audição, e perante todas as contradições que têm vindo a público, o país continua sem perceber o que o Governo não sabe – e devia saber: o que o Governo não sabe – e devia saber - porque não quis saber; bem como o que o Governo não sabe porque lhe foi ocultado. E neste caso, em que momento, por quem e com que consequências”.

Ainda sem conhecer a proposta – quanto à qual o CDS admite aceitar sugestões de outras bancadas -, o PS já deu indicação de que não inviabiliza a comissão de inquérito. PCP e BE também não deverão votar contra. O PSD remeteu uma posição final para a apresentação do texto, mas o chumbo é improvável. Caso seja aprovada, esta comissão de inquérito será presidida por um deputado do PS à luz da regra da rotatividade das presidências das comissões parlamentares.

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