Paul Schrader e Mike Leigh no LEFFEST

Entre Lisboa e Sintra, retrospectivas de Leigh, Schrader, João Botelho, Mario Martone e Darezhan Omirbayev e duas exposições alusivas a David Lynch.

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Fernando Veludo
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Bleak Moments, um dos grandes filmes de Mike Leigh - a retrospectiva, integral, inclui o último Peterloo
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Mr. Klein - Um Homem na Sombra de Joseph Losey: um dos títulos do ciclo "Neoliberalismo - a semente do populismo e dos novos fascismos"

O cartaz ainda não está fechado, mas as novidades da edição deste ano do LEFFEST, o festival de cinema que já foi de Lisboa e do Estoril e desde o ano passado é de Lisboa e Sintra, foram apresentadas esta segunda-feira e incluem retrospectivas integrais de Mike Leigh (cujo Peterloo foi um dos grandes filmes do último Festival de Veneza), Paul Schrader (poucos meses após a estreia do seu último filme, No Caminho da Escuridão, com Ethan Hawke), Mario Martone, Darezhan Omirbayev e João Botelho (esta última anunciada pelo festival como "a mais completa até à data", apenas deixando um ou outro título de fora). Estes realizadores estarão presentes no festival, que decorrerá de 16 a 25 de Novembro em diversos espaços: Cinema Medeia Monumental, Espaço Nimas e Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa; Centro Cultural Olga Cadaval e MU.SA – Museu das Artes de Sintra, em Sintra, e ainda Palácio Nacional e Jardins de Queluz.

Outro dos homenageados será David Lynch, cineasta que marcou presença no primeiro LEFFEST, em 2007. Terá direito a duas exposições: Small Stories, com fotografias do próprio, e Psychogenic Fugue, de Sandro Miller, em que John Malkovich recria "personagens" do cinema do realizador de Veludo Azul. Chrysta Bell, colaboradora musical do cineasta, estará presente e fará parte do júri. Serão mostradas curtas-metragens e os dois primeiros episódios do regresso de Twin Peaks. Será também apresentado, pela co-autora Kristine McKenna, o livro de Lynch Espaço para Sonhar.

Em competição estarão filmes como A Portuguesa, de Rita Azevedo Gomes, Asako I & II, Ryusuke Hamaguchi, L’Empire de la perfection, de Julien Faraut, L’Homme fidèle, de Louis Garrel, Long Day’s Journey Into Night – Di qiu zui hou de ye wan, de Gan Bi, Ozen, de Emir Baigazin, Transit, de Christian Petzold, Vox Lux, de Brady Corbert, e Sedução da Carne, de Júlio Bressane.

O júri da competição será presidido pelo brasileiro Walter Salles, que virá comemorar os 20 anos de Central do Brasil. Dele farão também parte a já mencionada Chrysta Bell, a pianista argentina Martha Argerich, o escritor e realizador Jonathan Littell, que terá direito a exibir o seu filme Wrong Elements, o maestro e pianista norte-americano Stephen Kovacevich, e o artista plástico Jorge Queiroz. 

Fora de competição, serão exibidos os antecipados novos filmes de Jacques Audiard (o western The Sisters Brothers, o seu primeiro filme em inglês), Nadine Labaki (Capharnaum, que ganhou o Prémio do Júri em Cannes), Claire Denis (High Life, também o primeiro da realizadora em inglês, uma história de ficção científica passada no espaço com Robert Pattinson e Juliette Binoche), Paolo Sorrentino (os dois actos de Loro, sobre os associados de Silvio Berlusconi), Olivier Assayas (Double Vies, com Guillaume Canet e, outra vez, Juliette Binoche, passado no sector livreiro em Paris), Nuri Bilge Ceylan (The Wild Pear Tree, centrado num autor que regressa à terra onde nasceu) e Lav Diaz (Season of the Devil – Ang panahon ng halimaw, quatro horas a explorar os pecados do passado recente das Filipinas).

Haverá ainda sessões especiais para Caminhos Magnéticos, de Edgar Pêra, e Ainda Tenho um Sonho ou Dois – a história dos Pop Dell’Arte, de Nuno Duarte, co-escrito por Nuno Galopim, além de trabalhos de Mathieu Almaric e Daniel Rosenfeld e dois ciclos temáticos: Neoliberalismo – a semente do populismo e dos novos fascismos (reflexão, a partir de filmes como Mr. Klein – Um Homem na Sombra, de Joseph Losey, ou Il conformista, de Bernardo Bertolucci sobre como os nossos modos de vida se podem ligar às derivas fascistas do presente) e O desejo chamado "Utopia"? (que, com curadoria de Alexey Artamonov, Denis Ruzaez e Ines Branco López, se dedica à exploração de como a utopia é representada no cinema, com recurso a filmes como Born in Flames, de Lizzie Borden, Torre Bela, de Thomas Harlan, ou Seven  Songs for Malcolm  X, de John Akomfrah). Outra sessão especial: as 14 horas, divididas em três partes, de La Flor, do argentino Mariano Llinás, um filme-acontecimento que esteve dez anos para ser rodado e conta seis histórias, todas interpretadas pelas mesmas quatro actrizes principais. Cada capítulo tem o seu próprio género cinematográfico, do filme de espionagem internacional à série B com cientistas e múmias, passando pelo musical misturado com mistério, o drama com referências a um velho filme francês ou a telenovela melodramática. Nunca será lançado em formato home-video: foi idealizado para só poder ser visto dentro de uma sala de cinema.

Em termos de actuações ao vivo, por agora ainda só foi anunciado o regresso a Portugal de Dub Love, espectáculo de dança que parte do ballet mas é feito ao som de reggae e do dancehall, desenvolvido pela argentina Cecilia Bengolea e pelo francês François Chaignaud.

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