Paulo Gonçalves estará de saída da SAD do Benfica
A notícia é avançada esta sexta-feira pelo jornal A Bola. O director jurídico é acusado de 79 crimes no processo e-toupeira.
O director jurídico da SAD do Benfica, Paulo Gonçalves, colocou o lugar à disposição e Luís Filipe Vieira aceitou. A notícia é avançada esta sexta-feira pelo jornal A Bola, que acrescenta que a saída poderá ser ratificada na próxima semana pelo Conselho de Administração da SAD.
A confirmar-se a saída, Paulo Gonçalves, que chegou à Luz em 2006 pela mão de José Veiga, então director-geral da SAD, abandona a SAD na condição de arguido no processo e-toupeira, no qual é acusado de 79 crimes, incluindo corrupção activa.
Em Março, quando foi detido e constituído arguido, Paulo Gonçalves colocou o lugar à disposição, mas o presidente da SAD benfiquista não aceitou. Desta vez, Luís Filipe Vieira aceitou — uma mudança de posição que acontece depois de a SAD ser acusada de 30 crimes no processo e-toupeira.
Segundo A Bola, a posição de Paulo Gonçalves ficou “fragilizada” na SAD e era o próprio a não sentir-se confortável nas funções que desempenhava.
O papel de Paulo Gonçalves no alegado esquema
No centro da investigação estão José Silva, oficial de justiça que prestava apoio informático nos tribunais de Fafe e Guimarães, Júlio Loureiro, oficial de justiça em Guimarães e observador de árbitros à data dos factos, e Paulo Gonçalves. Foram eles os principais rostos de um esquema que terá vigorado nas épocas 2016-17 e 2017-18.
Utilizando os recursos e os conhecimentos informáticos de que dispunha, José Silva é acusado de ter utilizado as credenciais de duas funcionárias do tribunal de Fafe e de uma procuradora para consultar processos pendentes na plataforma Citius. A Júlio Loureiro é atribuído, acima de tudo, um papel de intermediação nesta cadeia de transmissão, servindo muitas vezes de ponte no contacto com Paulo Gonçalves.
Ambos os funcionários, segundo a acusação, aceitaram aceder a processos pendentes e informar o assessor jurídico do Benfica do seu andamento a troco de bilhetes para jogos das “águias” em condições favoráveis — são vários os casos de oferta de convites e ingressos para a zona VIP do Estádio da Luz —, mas também de artigos de merchandising (camisolas, casacos) e de um contacto mais próximo com os jogadores, nos corredores do recinto.
Entre o rol de benefícios atribuídos pelo Benfica, o Ministério Público (MP) inclui também uma promessa de trabalho no Museu Cosme Damião, no exterior das instalações da Luz, para um sobrinho de José Silva, licenciado em Turismo, dando conta de vários contactos entre Paulo Gonçalves e o funcionário judicial nesse sentido.
Com todo este rol de ofertas, o MP entende que o Benfica queria “antecipar diligências processuais ou obter informações antecipadas de decisões judiciais”. Entre os documentos consultados contam-se processos que envolviam não só os “encarnados”, mas também Belenenses, FC Porto, Doyen, FPF, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Instituto Português do Desporto e da Juventude, Bruno de Carvalho ou Mário Centeno.