Google guarda localização dos utilizadores mesmo quando estes não o autorizam

Mesmo com a opção de localização suspensa, algumas aplicações do Google continuam a guardar automaticamente os dados do utilizador.

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Reuters/THOMAS PETER

O Google está tão determinado em conhecer a localização dos seus utilizadores que a regista mesmo que estes manifestem de forma explícita a sua oposição a tal registo, noticiou a agência Associated Press esta terça-feira.

Uma investigação da agência noticiosa norte-americana concluiu que muitos serviços do Google em aparelhos Android e iPhones guardam a informação sobre a localização dos utilizadores, incluindo nos casos em que estes usaram um recurso que alegadamente lhes proporciona privacidade e impede o Google de o fazer.

Investigadores em ciências da computação na Universidade de Princeton, nos EUA, confirmaram as suspeitas da AP. Na maior parte dos casos, o Google solicita permissão para usar a informação da localização do utilizador.

Uma aplicação como o Google Maps vai recordar o utilizador para que autorize o acesso se a usar para navegar. Se este autorizar o registo da sua localização ao longo do tempo, o Google Maps vai exibir-lhe essa história numa "linha do tempo" que mapeia os seus movimentos diários ao longo de vários anos.

O armazenamento das deslocações dos utilizadores ao minuto acarreta riscos de privacidade e tem sido usado pela polícia para determinar a localização de suspeitos de crimes. 

Em teoria, o Google permite aos utilizadores que se suspenda esta ferramenta de localização. "Pode desligar a Location History a qualquer momento. Com a Location History desligada, os locais onde for não serão guardados", lê-se no site de apoio ao utilizador.

Mas "isto não é verdade", garante a Associated Press. Mesmo com a Location History suspensa, algumas aplicações do Google guardam automaticamente os dados da localização, e respectiva data, sem pedir autorização ao utilizador.

Isto acontece com a aplicação de mapas mas também com as actualizações diárias automáticas da meteorologia, mas também com o próprio motor de busca do Google.

A ameaça, refere a Associated Press, atinge não só os utilizadores do sistema Android como os utilizadores de iPhone que recorram a aplicações do Google.

Em declarações à agência noticiosa, a prática é criticada por Jonathan Mayer, cientista de computação na Universidade de Princeton e antigo director tecnológico da autoridade reguladora do sector nos Estados Unidos, a Comissão Federal de Comunicações (FCC, na sigla em inglês).