Lançamento da sonda que vai chegar mais perto do Sol adiado por 24 horas
Uma falha ditou que o lançamento da sonda fosse adiado até domingo.
A NASA adiou o lançamento da Parker Solar Probe, a sonda que irá viajar até perto da coroa do Sol, a camada mais externa da atmosfera solar. O início da missão estava marcado para este sábado, no Cabo Canaveral, no estado norte-americano da Florida, mas um problema técnico atrasou-o durante 24 horas.
O foguetão Delta-IV Heavy, a bordo do qual a sonda vai entrar no espaço, já estava na plataforma de lançamento quando a contagem decrescente parou, a apenas um minuto e 55 da descolagem. Terá sido uma falha de pressão do hélio gasoso que fez parar, de forma automática, a contagem decrescente, de acordo com a agência norte-americana Associated Press.
Explica a NASA, num curto comunicado no site, que o lançamento foi adiado "devido a uma violação do tempo limite para o lançamento, resultando num compasso de espera" até domingo. Isto é: como a falha no sistema de pressão de hélio não foi resolvida dentro da janela de 65 minutos que os cientistas da NASA tinham para o lançamento durante o dia de sábado, o lançamento teve de ser adiado até ao próximo domingo. Esta foi a segunda falha do dia, escreve o britânico Guardian.
A missão de Parker Solar Probe será pioneira em vários aspectos: será um dos primeiros aparelhos a chegar tão perto do Sol e um dos objectos mais rápidos feitos pelo Homem da História. Esta sonda deverá alcançar os 690 mil quilómetros por hora: “De Nova Iorque a Tóquio em menos de um minuto”, disse Nicola Fox, cientista britânica associada ao Laboratório Johns Hopkins de Física Aplicada, em declarações à BBC.
Se o lançamento acontecer no domingo, os cientistas estimam que o primeiro encontro com o Sol aconteça daqui a 12 semanas. A sonda vai demorar seis semanas a chegar a Vénus e outras seis semanas a alcançar o Sol.
Aproveitando a gravidade do planeta Vénus, o segundo mais próximo do Sol, a sonda vai chegar perto o suficiente do Sol para, de acordo com a NASA, captar a variação da velocidade do vento solar (emissão de partículas energéticas provenientes da coroa, sobretudo electrões e protões) e ver o berço das partículas solares de maior energia.
Os cientistas procuram perceber como a energia e o calor circulam através da coroa solar (constituída por plasma, gás ionizado formado a altas temperaturas) e explorar o que acelera o "vento solar" e as partículas energéticas. Também esperam conseguir perceber porque é que a coroa do Sol é tão mais quente do que o centro da estrela.
A par disso, a sonda tem outra importante missão. Explica a emissora britânica BBC que o Sol está constantemente a "bombardear" a Terra: um fenómeno conhecido como "vento solar", responsável pelas auroras boreais visíveis dos pólos, mas também (durante as explosões mais violentas), por perturbações no campo magnético da Terra, que podem provocar falhas nas comunicações e problemas em satélites. Os cientistas procuram prever estas "explosões" e a sonda Parker poderá ajudá-los com isso.
Durante sete anos, a sonda Parker completará 24 voltas ao astro-rei, para estudar a coroa e tentar perceber como a energia e o calor circulam através da coroa solar (constituída por plasma, gás ionizado formado a altas temperaturas). A sonda irá “navegar” pela atmosfera do Sol e, segundo a NASA, vai aproximar-se da superfície do astro-rei como nunca antes uma sonda o fez, ficando a quase sete milhões de quilómetros, o que permitirá obter as observações mais próximas de uma estrela.
Na maior aproximação ao Sol, o escudo térmico da sonda, feito de carbono, vai enfrentar temperaturas perto dos 1377 graus Celsius. À superfície, a temperatura do Sol atinge os 5500 graus. Na coroa, a parte mais exterior da sua atmosfera, visível como um anel durante os eclipses, os termómetros chegam aos dois milhões de graus Celsius.
Esta missão foi proposta há quase 60 anos, mas só agora é que os cientistas conseguiram a tecnologia necessária para tentar uma aproximação segura ao Sol. A sonda tem o nome do astrofísico norte-americano Eugene Parker, de 91 anos, que apresentou, na década de 50, uma série de conceitos para explicar como as estrelas, incluindo o Sol, libertam energia. Chamou "vento solar" à cascata de energia do Sol e descreveu todo um “sistema complexo” de plasmas, campos magnéticos e partículas energéticas associado ao conceito de vento solar. Apesar de ter sido ridicularizado nos anos 1950, a comunidade científica acabou por lhe dar razão e agora Eugene Parker é um dos poucos cientistas vivos que tem uma sonda com o seu nome.