Robert Redford já não vai representar mais

The Old Man and the Gun, de David Lowery, com estreia marcada em Portugal para 8 de Novembro, deverá ser o último filme do actor.

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Entre as sombras, como em alguns dos seus melhores filmes dos anos 70
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Os Três Dias do Condor, de Sidney Pollack, cineasta que melhor o "compreendeu"
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Jeremiah Johnson, de Sidney Pollack
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Em declarações à revista Entertainment Weekly, Robert Redford afirmou que The Old  Man and the Gun, de David Lowery, que se estreia em Portugal a 8 de Novembro, iria ser o seu derradeiro filme. Não é a primeira vez que a reforma é anunciada. Em 2016, Dylan Redford, neto do actor, disse que o avô, um dos actores mais icónicos dos anos 1960 e 70, iria acabar os dois projectos que tinha em mãos e não ia continuar em frente das câmaras.

Agora isso parece estar confirmado. Os dois filmes em questão, que ainda estavam a ser preparados na altura, eram Our Souls at Night, um filme do Netflix com Jane Fonda realizado por Ritesh Batra, e a já mencionada obra de David Lowery.

À revista, o actor que fundou o festival de Sundance adiciona contudo uma ressalva: "Nunca digas nunca". Menciona que está nessa profissão desde os 21 anos, e que pensou que "já chegava", que mais valia sair de cena "com algo que é muito optimista e positivo".

É o caso de The Old Man and the Gun, que conta a história verdadeira de Forrest Tucker, um homem norte-americano que, ao longo de 60 anos, assaltou numerosos bancos, tendo sido preso várias vezes e conseguido sempre escapar. O elenco do filme inclui também Sissy Spacek, Danny Glover, Casey Affleck e Tom Waits.

Na verdade, de certa forma Redford "anunciara" o fecho de uma carreira quando, em All is Lost/Quando Tudo Está Perdido, de J. C. Chandor, interpretava uma personagem em negociação material com o seu fim — eram os gestos de um homem sozinho no mar, depois de um abalroamento. Fica também como um exercício, no limite do possível no mainstream cinematográfico de hoje, sobre a existência individual dentro da homogeneização: tínhamos Redford, e só ele, do princípio ao fim no ecrã, tal como, várias décadas antes, em Jeremiah Johnson (Sidney Pollack, 1972). Mas quanto a isso, a carreira do actor, o seu pico, nos anos 70, coincidiu com um dos momentos mais vibrantes do cinema americano. Parecia ter tudo contra ele. Inicialmente designado para ser o Benjamin Braddock de A Primeira Noite (1967), um dos filmes iconográficos do que foi conhecido pela Nova Hollywood, foi preterido em favor de Dustin Hoffman. Sabe-se o que aconteceu a seguir, a invasão dos judeus e dos italo-americanos, os Hoffman, os Pacino e os DeNiro, viscerais, morenos… Redford, atleta louro, era um anacronismo face aos ares que sopravam, fazia figura de "elite" retraída perante o voluntarismo do "proletariado". Precisamente: se não simbolizou a contra-cultura a desafiar as instituições, encarnou, de outro modo, a crise, o estertor do establishment, em obras-primas como Os Homens do Presidente ou Os Três Dias do Condor.

Além de intérprete, é cineasta. Estreou-se na realização em 1980, com Gente Vulgar, Óscar de Melhor Realizador e de Melhor Filme no ano de Toiro Enraivecido, de Scorsese, Tess, de Polanski ou O Homem Elefante, de Lynch, tendo estado atrás das câmaras também em Quiz Show ou A Lenda de Bagger Vance. Continuar essa carreira não está fora de questão. "Vamos ver", explicou à Entertainment Weekly.

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