CDS quer demissão de chefe do Estado-Maior do Exército e Azeredo de novo na AR
PSD e CDS deixam comissão de inquérito para mais tarde. Centristas defendem que o general Rovisco Duarte "não tem condições para continuar no cargo" e vão pedir, novamente, a presença "urgente" de Azeredo Lopes no Parlamento.
"Com frontalidade, não sei o que estou aqui a fazer." A frase foi dita pelo chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) na tarde desta terça-feira no Parlamento quando o socialista Ascenso Simões lhe pediu desculpa por ter sido ali chamado em tempo de quase férias sem se chegar a qualquer dado novo sobre a questão do armamento roubado de Tancos e depois recuperado.
A mesma frase foi usada depois pelo deputado do CDS-PP António Carlos Monteiro para, à saída da comissão de Defesa. "É esse o problema: o chefe do estado-maior do Exército não tem condições para continuar no cargo", apontou o deputado.
Apesar das promessas reiteradas ontem pela presidente do partido, ainda não é desta que o CDS avança para a proposta formal de uma comissão de inquérito ao caso de Tancos. Está a ser "ponderada", mas uma decisão irá depender dos próximos passos.
Porque as exigências dos centristas não se ficam pela demissão do general Rovisco Duarte. Querem que o ministro da Defesa volte ao Parlamento "com carácter de urgência" para "esclarecer como pôde dar garantias ao país de que todo o material [roubado] tinha sido recuperado quando o próprio CEME não o pode fazer". E querem também que o presidente da Comissão de Defesa, o social-democrata Marco António Costa, peça ao Ministério Público para o Parlamento ter acesso à listagem do material recuperado que o CEME se recusou hoje a entregar alegando que está em segredo de justiça.
Quanto a prazos, agora que o Parlamento encerra para férias, não há qualquer ideia, mas o CDS está já a contar com os entraves dos socialistas. O PS, acusou António Carlos Monteiro, tem estado muito "incomodado e tem procurado protelar" todas as iniciativas.
O social-democrata Pedro Roque também lamentou as "contradições" e a falta de respostas a muitas perguntas que continuam a pairar sobre o caso de Tancos, que "está longe de estar encerrado". O partido vai agora "analisar com atenção os próximos passos". E a comissão de inquérito? "Essa é uma decisão política da maior relevância e eu não tenho condições para assumir" qualquer posição nessa matéria. "Vamos analisar com detalhe", prometeu, sobre uma questão que, vincou, envolve um alto "grau de responsabilidade e de análise política".
O PSD foi, aliás, o único partido a equacionar chamar o primeiro-ministro à comissão de Defesa para explicar como pôde dar garantias a outros Estados de que a situação estava completamente dominada e que o armamento tinha sido todo recuperado quando afinal poderá haver armamento passível de ser usado "em actos criminosos e de terrorismo" ainda em parte incerta.
No final, o PS, pela voz de Ascenso Simões, ironizou sobre a questão de ter António Costa numa simples comissão, lembrando que o PSD o pode questionar nos debates quinzenais sobre o que entender. "O que ficou aqui hoje claro é que não há qualquer novidade relevante sobre o material de Tancos nem do ponto de vista político", apontou, criticando os deputados que fazem audições sem consultarem os documentos que estão disponíveis que estão à guarda da comissão e são confidenciais.