Golfinho híbrido detectado ao largo do Havai
É o primeiro caso registado de um cruzamento entre duas espécies específicas da família dos golfinhos.
Uma cria rara resultante do cruzamento entre um golfinho-de-dentes-rugosos (Steno bredanensis) e um golfinho-cabeça-de-melão (Peponocephala electra) foi detectada ao largo da ilha de Kauai, no arquipélago norte-americano do Havai. A descoberta é descrita num relatório publicado esta semana pelo Colectivo de Investigação da Cascádia, uma organização não-governamental sediada no estado norte-americano de Washington, e é noticiada pelo jornal britânico Guardian.
O mamífero foi avistado pela primeira vez em Agosto de 2017, quando os investigadores repararam num exemplar num grupo de golfinhos-cabeça-de-melão (que têm uma cabeça mais arredondada, como uma baleia, sendo que em língua inglesa são mesmo designados como "melon-headedwhales", apesar de serem tecnicamente golfinhos) que se distinguia aparência invulgar: uma cabeça mais alongada e uma pigmentação semelhante à dos golfinhos-de-dentes. Recolhida uma amostra genética, os cientistas confirmaram que se tratava de um exemplar híbrido, resultante do cruzamento das duas espécies. O animal, um macho, encontra-se próximo da idade adulta.
Segundo o biólogo Robin Baird, citado pela CBS News, as amostras genéticas recolhidas permitem detalhar que "o pai é um golfinho-de-dentes-rugosos e a mãe uma golfinho-cabeça-de-melão". A descoberta deste exemplar torna-se ainda mais invulgar se for tido em conta que nunca tinha sido avistado um golfinho-cabeça-de-melão nas águas havaianas, onde a investigação científica prossegue entretanto.
Os investigadores acreditam que se trata do primeiro caso de um exemplar resultante do cruzamento daquelas duas espécies. Apesar de único, o nascimento é possibilitado pelo facto de ambas as espécies pertencerem à família dos golfinhos (delphinidae). Outros casos semelhantes ocorreram no entanto entre outras espécies, especialmente entre roazes-corvineiros (Tursiop struncatus) e falsas orcas (Pseudorca crassidens).
Apesar de alguns meios de comunicação norte-americanos terem classificado a recente descoberta no Havai como o nascimento de uma nova espécie animal, os cientistas afastam essa possibilidade. Os exemplares híbridos são na sua maioria estéreis, pelo que dificilmente gerarão descendência. "Não há qualquer dado que nos leve a pensar que poderá haver a formação de uma nova espécie", garante Baird.