A “neutralidade” finlandesa
Os finlandeses fazem questão de dizer que não gostam nem de Donald Trump nem de Vladimir Putin.
A Finlândia teve uma longa história nas relações Leste – Oeste, durante a Guerra Fria, que trazem à memória outros momentos, nem todos bons, da relação entre Washington e Moscovo.
Com uma longa fronteira com a União Soviética (e agora com a Rússia), foi obrigada a manter um estatuto de neutralidade entre a NATO e o Pacto de Varsóvia, que limitava a sua soberania.
Durante o confronto entre as duas superpotências, a palavra “finlandização” entrou no vocabulário das relações internacionais para designar o risco que alguns países europeus corriam com a ascensão dos partidos comunistas, empurrando-os para um estatuo “neutral” ou de “terceira via”.
George Bush e Gorbatchov, o líder soviético que "descongelou" o mundo, encontraram-se lá, tal como Bill Clinton e o Boris Ieltsin.
Em 1975, os EUA, a Rússia e 33 países europeus reuniram-se em Helsínquia para assinar a chamada “Acta Final”, que garantia o respeito pelas fronteiras que dividiam as duas metades da Europa e algum espaço de respiração para os dissidentes. Willy Brandt chegou a ameaçar Brejnev de não assinar a Acta, se ele não travasse a ofensiva comunista em Portugal.
Os finlandeses orgulham-se do seu papel de “intermediários”. Garantem que só eles estavam em condições de preparar uma cimeira entre os presidentes dos EUA e da Rússia em tão pouco tempo. Mas fazem questão de dizer que não gostam nem de Donald Trump nem de Vladimir Putin.