Videoárbitro contribui para o aumento do número de penáltis

Em 20 partidas foram marcados 0,5 penáltis por jogo, uma média bastante superior à dos últimos Mundiais (2014 e 2010).

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Árbitros têm, pela primeira vez, hipótese de acederem às repetições dos lances Reuters/DAVID KLEIN

A estreia do videoárbitro (VAR) em competições internacionais está longe de ser consensual, mas é inegável o impacto que esta inovação tecnológica está a ter nas partidas do Mundial da Rússia: nunca se marcaram tantos penáltis em tão poucos jogos. Auxiliados pelo “big brother” da arbitragem, os juízes já apontaram por dez vezes para a marca de grande penalidade nos primeiros 20 encontros da competição.

Para colocarmos em perspectiva a subida a pique do número de penáltis assinalados, devemos ter em conta as estatísticas dos torneios anteriores: com o mesmo número de jogos disputados, em 2014 no Brasil, apenas tinham sido assinalados sete castigos máximos. Na África do Sul, em 2010, esse número desce para três. Ou seja, para já, o Mundial da Rússia teve tantos penáltis como as competições de 2010 e 2014 combinadas.

A decisão de rever — ou não — determinados lances tem atraído críticas ao VAR. Mark Halsey, antigo árbitro da Premier League, apontou o dedo a este recurso tecnológico, afirmando que é “inconsistente” e não deveria “fazer parte do torneio”. Devido às críticas, a FIFA sentiu necessidade de defender o VAR, através de uma declaração: “Estamos extremamente satisfeitos com o nível de arbitragem até agora, e com a implementação bem-sucedida do VAR que, no geral, tem sido aceite e reconhecido na comunidade do futebol”.

Ao contrário da quantidade, a eficácia da marcação de penáltis diminuiu quando comparamos o Mundial da Rússia com os dois que o precederam. Na presente edição, já foram dois os jogadores a tremerem na hora de baterem da marca dos 11 metros. No jogo entre a Argentina e Islândia, Lionel Messi não conseguiu converter uma grande penalidade que poderia ter dado a vitória aos sul-americanos. O atacante peruano Christian Cueva também não conseguiu converter a sua oportunidade, enviando a bola por cima da barra, numa partida que terminaria com o desaire do Peru frente à Dinamarca (0-1).

Dos dez penáltis assinalados até ao momento, apenas dois não encontraram o caminho da baliza (80% de eficácia), ao contrário dos 100% de aproveitamento verificados nas primeiras 20 partidas dos Mundiais de 2014 e 2010.

Após a primeira ronda da fase de grupos, para além dos pontapés de grande penalidade, há outras estatísticas que podem ser correlacionadas com o VAR. Nos cartões vermelhos, a média é de 0,06 por jogo, o valor mais baixo desde o Mundial de 1986, disputado no México.

Os foras-de-jogo registaram, também, uma descida abrupta. Em caso de dúvida, os árbitros auxiliares preferem não assinalar posição irregular e deixar seguir a jogada. Se estiverem correctos, a jogada prossegue de forma legal. Em caso de um golo precedido de infracção, os juízes podem sempre contar com o auxílio do VAR, que reverte a jogada e “anula” o erro. No Mundial da Rússia apenas foram assinalados, em média, 2,81 por jogo, o valor mais baixo de sempre em competições internacionais.

Texto editado por Nuno Sousa

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