Bombas de insulina começaram a ser entregues a crianças até aos 14 anos. Mas há atrasos

Nova distribuição faz parte do objectivo de entregar gratuitamente estes dispositivos de perfusão subcutânea de insulina a todos os diabéticos em idade pediátrica, até 2019. Desde Abril foram entregues apenas 50 bombas.

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Nelson Garrido

Para este ano tinha sido identificada a necessidade de comprar 856 bombas de insulina para distribuir gratuitamente a crianças e jovens entre os 10 e os 14 anos, assim como a grávidas e outros adultos que precisam de substituir estes dispositivos de perfusão subcutânea contínua de insulina. Até agora o Estado comprou pouco mais de um quarto dos dispositivos necessários (244 bombas), num concurso público finalizado em Março. Mas desde Abril foram entregues apenas 50.

Só quatro hospitais – Santa Maria (Lisboa), Viseu, Barcelos e Viana do Castelo – pediram as bombas, tendo sido entregues 50, de acordo com a empresa responsável pela distribuição.

O director-geral da Medtronic, Luís Lopes Pereira, refere que existe um atraso nas encomendas feitas pelos hospitais provocado pela demora na nomeação de um novo director para o Programa Nacional para a Diabetes da Direcção-Geral de Saúde.

O PÚBLICO tentou obter esclarecimentos desta tutela, sem sucesso.

No final do ano passado, o Ministério da Saúde garantiu que todos os utentes abrangidos pelo contingente de dispositivos de 2017, mas que não receberam as boas de insulina até ao final desse ano, os iriam receber até ao final do primeiro trimestre de 2018. A longo prazo, o objectivo é garantir a cobertura de toda a população em idade pediátrica, de forma faseada, até 2019: em 2017 todas as crianças até aos dez anos deviam ter estes dispositivos e o mesmo deve acontecer, até ao final deste ano, para todos os jovens até aos 14.

No hospital de Barcelos foram entregues nove. O hospital seleccionou os doentes  dando prioridade às crianças e adolescentes em lista de espera, e iniciou, já em Maio, a formação para utilização da bomba, de acordo com a pediatra Goreti Lobarinhas.

A médica chama a atenção para a necessidade de garantir o acesso daquele que considera ser o “melhor tratamento, na actualidade, para esta doença crónica” a todos os jovens, apontando para o “esquecimento a que o sistema voltou os mais velhos, nomeadamente aqueles que agora têm 16, 17, 18 e nunca foram considerados prioritários”.

O hospital, que é centro de colocação destes dispositivos desde 2010, tem cerca de 50 pessoas em lista de espera, refere Goreti Lobarinhas.

No ano passado foram distribuídas 640 bombas de insulina em cerca de um mês e meio, depois de um atraso no concurso para compra destes dispositivos. A aquisição centralizada permitiu uma poupança de 600 mil euros do erário público, fizeram saber no final de 2017 os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

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