Bruno de Carvalho ainda à espera dos motivos para a sua destituição

Direcção leonina quer exercer o princípio do contraditório e pode impugnar assembleia geral convocada por Jaime Marta Soares.

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A guerra institucional no Sporting não parece ter fim à vista LUSA/MIGUEL A. LOPES

A 24 dias da data apontada para a realização de uma Assembleia-Geral (AG) de destituição (23 de Junho), a direcção do Sporting ainda aguarda pelo requerimento de convocatória desta reunião magna extraordinária. Um procedimento que Bruno de Carvalho considera fundamental para exercer o contraditório e analisar depois se existem motivos para a impugnação da mesma.

O que já se sabe é que a convocatória da AG foi assinada por Jaime Marta Soares, presidente da Mesa da AG, no dia 28 de Maio, contemplando dois pontos na ordem de trabalhos: analisar a situação do clube e prestar esclarecimentos aos sócios; deliberar sobre a revogação colectiva, com justa causa, do mandato dos elementos da direcção ainda em funções.

A AG foi convocada por iniciativa da própria Mesa da AG e não (aparentemente) através de um requerimento de quatro mil sócios, como chegou a ser anunciado. O que significa que teria de ser a própria direcção do clube a prestar o apoio logístico e financeiro para a realização desta reunião magna, nomeadamente através do aluguer do pavilhão Altice Arena, como sugere Marta Soares, mas também garantir as medidas de segurança necessárias para a sua realização.

Algo que os responsáveis do clube em funções já declinaram, por considerarem que esta AG é “ilegal” e, por isso, “não se pode realizar”, segundo se pode ler num documento enviado aos sócios por email.

Num outro documento, a direcção esclarece que solicitou à Mesa da AG para ser informada sobre a data para as eleições para os órgãos sociais que se encontram demissionários: Mesa da AG e Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD). Na mesma missiva divulgou também que solicitou uma outra AG ordinária, a realizar-se até dia 15 de Junho, para a aprovação do orçamento do clube.

Comissão de Fiscalização

Em resposta, Jaime Marta Soares voltou a defender, esta terça-feira, que o mandato do Conselho Fiscal e Disciplinar cessou, face à renúncia da maioria dos seus membros (com excepção de um vogal e um suplente), tornando necessária a nomeação de uma Comissão de Fiscalização (CF), de acordo com o ponto 1 do Artigo 41.º dos estatutos do clube: “Se se verificar causa de cessação de mandato da totalidade dos membros do CD ou do CFD ou se, convocadas eleições para qualquer daqueles órgãos, não houver candidaturas, pode, no primeiro caso, e deve, no segundo, o presidente da Assembleia Geral designar uma comissão de gestão ou uma comissão de fiscalização, ou ambas (…).”

Uma posição já contestada pela direcção, num comunicado emitido esta terça-feira, revelando que já existe uma lista candidata à MAG (já que Marta Soares anunciou que o órgão que preside estaria demissionário) e outra ao CFD, ambas com “assinaturas recolhidas”: “É inequívoco que não se pode nomear qualquer comissão de gestão. É inequívoco que não pode ser nomeada qualquer comissão de fiscalização, uma vez que não se verifica nenhum pressuposto legal ou estatutário alegado pela MAG.”

Em resumo, a direcção de Bruno de Carvalho acusa Marta Soares de promover uma “nova tentativa de assalto ao poder”. A guerra institucional no Sporting está para durar.

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