Julgamento Fizz está a terminar sem provas de Manuel Vicente ter comprado procurador

Polícia Judiciária usou notícias que pesquisou no Google para estabelecer conexão entre ex-vice-presidente de Angola e magistrado.

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MICHAEL REYNOLDS

Na última sessão do julgamento da Operação Fizz antes das alegações finais, que decorreu nesta segunda-feira, os juízes tentaram perceber até à exaustão o que levou o Ministério Público a acusar o ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente de ter corrompido o procurador Orlando Figueira.

É verdade que o magistrado do Departamento Central de Investigação e Acção Penal arquivou uma investigação em que era visado o antigo governante angolano, por suspeitas de ter comprado um apartamento de luxo no Estoril para lavar dinheiro. E também que recebeu nas suas contas bancárias dinheiro proveniente de empresas angolanas, em datas que coincidem com momentos-chave desse arquivamento.

Mas ao fim de cinco dezenas de sessões de julgamento não ficou provado que as firmas que depositaram dinheiro na conta do procurador o tivessem feito por ordem de Manuel Vicente. Orlando Figueira sempre disse que as transferências bancárias lhe tinham sido feitas num dos casos a título de pagamento adiantado de salários e no outro como concessão de um empréstimo bancário junto do Banco Privado Atlântico.

O facto de esta entidade bancária ter uma participação da petrolífera angolana Sonangol, dirigida por Manuel Vicente à data dos factos, ainda permite estabelecer uma conexão – ainda que indirecta -  entre o procurador e o ex-governante.  O problema surge quando se chega à firma que pagou os salários ao procurador: para dizerem que a Primagest era controlada pelo vice-presidente angolano, os investigadores da Polícia Judiciária basearam-se em notícias encontradas via Google. Mais tarde surgiram documentos e testemunhos a desmentir esta ligação. Mas isto não fez o Ministério Público alterar a sua tese. 

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