O projecto House, Kitchen, Garden in Alcácer do Sal, do jovem arquitecto Pedro Frade, da Universidade Autónoma de Lisboa, foi seleccionado entre os 12 finalistas ao prémio europeu Young Talent Architecture Award 2018, promovido pela Fundação Mies van der Rohe e pela Creative.

House, Kitchen, Garden in Alcácer do Sal resulta da tese final de mestrado de Pedro Frade, com a qual venceu em 2017 o prémio Archipix Portugal. O conceito base é uma “alteração da escala da percepção”, que coloca Alcácer do Sal algures entre uma cidade e uma aldeia, esclarece o arquitecto em entrevista telefónica ao P3. "Apesar de ser uma das cidades mais antigas do país, Alcácer possui ainda um carácter mais de aldeia do que cidade, quer pela população que lá existe, quer pela situação morfológica.”

O projecto, que não será concretizado, pretende também fazer “uma espécie de análise" e um "movimento de reocupação da área entre muralhas”, que, segundo o arquitecto, foi perdendo povoação ao longo do tempo e hoje em dia está “praticamente deserta”. Neste sentido, Pedro distinguiu três unidades de intervenção ou, como classifica, “três artefactos arquitectónicos com uma atmosfera e carácter específicos”: uma casa, uma cozinha e um horto.

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A casa é um “lugar privado e introspectivo onde a população e os habitantes estão só com o seu corpo”. Por oposição, a cozinha é um espaço “de comunhão”, onde se encontram os dois tipos de população presentes em Alcácer do Sal (um permanente e maioritariamente envelhecido e um temporário, os turistas). Por sua vez, o horto “é o lugar que trata conceitos como a estética, a fertilidade e o prazer”. Nas palavras do autor do projecto, “não é um jardim nem uma horta, é um horto que, tal como o garden, em inglês, permite a ambiguidade entre um jardim estético e algo com plantações comestíveis”.

O principal material da proposta é o tijolo maciço. “É um material primordialmente feito na Mesopotâmia, mas também é um reflexo das civilizações a Sul e a Norte do Mediterrâneo. No Alentejo este material está presente na maior parte das construções, ainda que revestido por camadas de estuque e não seja totalmente visível."

Nascido em 1992 em Torres Vedras, Pedro Frade colabora desde 2014 com o atelier de Francisco Aires Mateus. Entre os restantes finalistas estão os projectos Confluence, de Joshua Penk (Reino Unido), Neue Bau Akademie Berlin - a club for the former & future architecture, de Hendrik Brinkmann (Alemanha), May I use the front/backdoor?, de Nele Bergmans (Bélgica), Rhizome, de Arianna Fornasiero e Paolo Turconi (Holanda) e The Bank of England: a dialectical project, de Loed Stolte (Holanda).

Também ficaram incluídos na lista The Citadel of Tides, de Marie Moors (Bélgica), Deplorable Framework, de Matthew Gregorowski (Reino Unido), Last Landscape, de Simone Marchetti, Sofia Paoli, Beatrice Maria Rogantini Picco (Itália), Perdido-P.R.U.S. of Madrid, de Julio Gotor Valcárcel (Espanha), The Fallen Monuments of Egerkingen, de Eva Lanter (Suíça), e Ceramics - Design of a factory, de Sina Pauline Riedlinger e Franziska Käuferle (Alemanha).

Na corrida ao Young Talent Architecture Award 2018 estavam 11 projectos de jovens arquitectos portugueses. O prémio está entre os 12 eventos paralelos da 16.ª exposição internacional de arquitectura intitulada Freespace, com curadoria de Yvonne Farrell e Shelley McNamara e organizada pela Bienal de Veneza, que abre ao público no sábado. O júri do galardão foi composto pelos arquitectos e investigadores Salomon Frausto, Martina Bauer, Ana Betancour, Matilde Cassani e Rainer Mahlamäki, que irão seleccionar quatro vencedores. Todos os finalistas recebem um perfil na prestigiada plataforma World Architects. A cerimónia de atribuição dos prémios tem lugar no dia 20 de Setembro.